A ansiedade é grande para quem espera por um transplante de órgão. No Brasil, mais de 43 mil pessoas aguardam pelo procedimento que pode salvar vidas, segundo o Ministério da Saúde. Quem viveu essa situação, sabe bem a sensação de almejar a única chance pela recuperação.

A Bruna Bulla Correia descobriu, aos 12 anos, que tinha uma doença chamada colangite esclerosante primária. O problema, que afeta o fígado, não tem cura. A progressão pode gerar cirrose, insuficiência hepática e câncer, o que exige o transplante.

Em 2015, ela teve a chance de recomeçar. Após uma espera de sete meses, a Bruna recebeu o novo órgão de um homem que morreu em um acidente na cidade de Guarapuava. O doador foi responsável por salvar a vida de outras duas pessoas. Mas antes da boa notícia, a expectativa era grande.

O médico-cirurgião, Fábio Silveira, que atua no Instituto para Cuidado com o Fígado, localizado em Curitiba, foi o responsável por acompanhar o processo de doação e cura da Bruna. O profissional de saúde sabe bem a importância de ajudar a dar uma nova chance para quem precisa.

A Bruna conseguiu se recuperar e conta que, nove anos após o transplante, consegue viver normalmente. No entanto, o processo de recuperação exige cuidado. O médico explica que o acompanhamento é importante para viabilizar uma melhora gradativa.

Bruna Bulla Correia. Foto: Reprodução

O Paraná, estado onde foi realizada a doação e transplante do novo fígado para a Bruna, é o estado que tem a maior taxa de doações de órgãos em todo o país. A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) informou que a taxa é de 41 doações por milhão de pessoas, enquanto a média nacional é de apenas 19. O secretário de estado de Saúde, César Neves, destacou que a conscientização é essencial para manter esse índice elevado.

No estado do Paraná, 3,8 mil pessoas aguardam por um transplante. A maioria da fila de espera é composta por quem precisa de um rim, que corresponde a 2,1 mil pessoas; seguida por córneas, com 1,4 mil; fígado, que registra 245; e coração, com 41. A coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Juliana Ribeiro Giugni, explicou como é o processo.

Os paranaenses também são os que têm a menor taxa de recusa familiar para o transplante, o que corresponde a 25%. A doação só pode ser realizada com a autorização familiar. O sistema de transplantes no Paraná conta com 700 profissionais, além de nove veículos e 12 aeronaves. Para quem foi agraciado com a solidariedade do próximo, como a Bruna, a alegria é intensa.

No ano de 2023, o Paraná realizou 137 missões aéreas para o transporte de 211 órgãos. Neste ano, já aconteceram 68 missões e 162 órgãos transportados. Um único doador pode salvar até oito vidas. Para doar, é necessário informar a família, em vida, sobre essa vontade, já que os parentes são as pessoas que precisam autorizar o procedimento caso haja necessidade.