Os conflitos entre produtores rurais e grupos indígenas continuam no Paraná. De acordo com publicação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), com base em informações da Comissão Guarani Yvyrupa, foi registrado um incêndio criminoso contra o tekoha Tata Rendy, dos ava guarani, no oeste do Paraná em Terra Roxa e Guaíra. Os agressores atearam fogo em malocas e nas matas do entorno. Para indígenas e indigenistas, tratam-se de ataques de fazendeiros e ruralistas. Os conflitos no local começaram porque de um lado há agricultores que dizem possuir a propriedade das terras e do outro, indígenas que reivindicam o espaço em razão do aumento da sua população e necessidade de subsistência.

A Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), organização indígena que congrega coletivos do povo Guarani nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, relatou que “em novo ataque contra os Ava Guarani, proprietários rurais deixaram um ferido, e três pessoas desaparecidas, duas crianças, de 8 e 10 anos, e um adulto”. As situações de conflitos foram registradas ao longo da semana e a última teria ocorrido no sábado (20).

De acordo com o Sistema FAEP/SENAR-PR., cinco áreas, sendo três no município de Terra Roxa e duas em Guaíra, estão ocupadas por indígenas. A entidade afirma que “em alguns dos casos, produtores rurais sofreram violência por parte dos invasores”. O presidente interino da instituição, Ágide Eduardo Meneguette, teme que “a passividade do poder público em controlar as invasões” sirva de incentivo para que novos grupos se formem. O Sistema FAEP/SENAR-PR pede “ações imediatas dos governos estadual e federal para que a questão da invasão de terras no Paraná, principalmente na região Oeste, termine definitivamente. Caso nada seja feito, estamos caminhando para uma situação preocupante, com a escalada de invasões e, até mesmo, violência”, diz a nota enviada à CBN Curitiba.

A CBN procurou também a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), que respondeu em nota que “trata-se de conflito fundiário entre povos indígenas e agricultores, em região de fronteira, fato de competência da Justiça Federal e Polícia Federal. A Secretaria de Segurança se coloca à disposição para atuar de forma subsidiária e em apoio a Justiça Federal, se por ventura for demandada, e após estudo de situação e avaliação de riscos que devem ser feitos pelas Forças Federais”. O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, enviou na semana passada agentes para atuarem no reforço da segurança nas áreas de conflito.

Já a Polícia Federal não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta matéria.

Representantes do governo federal, dos ministérios dos Povos Indígenas (MPI) e dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) tentam “mediar os conflitos fundiários”. Segundo o Cimi, apesar das comitivas e das tentativas de negociação com proprietários rurais e políticos locais para a interrupção das hostilidades, não houve ainda a presença de um aparato mais sólido do Estado em busca de soluções reais – e até mesmo a ida às regiões de autoridades públicas com peso político. O órgão critica a atuação da Força Nacional.