O Paraná registra uma média de 122 acidentes de trabalho por dia e é o quinto estado com mais ocorrências do tipo no Brasil, segundo números divulgados pelo Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho. O levantamento é apresentado pelo Ministério Público do Trabalho e leva em consideração dados do ano de 2022.

Os indicadores foram apresentados com base em informações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O estado teve 44,7 mil acidentes de trabalho no ano retrasado, estando atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A procuradora do Trabalho, Ana Lúcia Barranco, aponta a importância da prevenção.

Neste sábado (27), é celebrado o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho. A data reforça a importância das empresas desenvolverem ações de segurança para evitar que casos do tipo aumentem. A procuradora aponta que as empresas não têm investido no gerenciamento de riscos.

Ela diz que, por diversas vezes, as empresas realizam análises superficiais dos riscos existentes no ambiente de trabalho. É preciso, segundo ela, que as empresas tenham um programa de controle médico de saúde ocupacional e a análise ergonômica do trabalho, por exemplo.

Ana Lúcia avalia que existem diversos fatores que podem ocasionar acidentes ou problemas de saúde no trabalho, como a jornada exaustiva, a terceirização e a contratação exagerada de cargos na modalidade de pessoa jurídica, com o objetivo de burlar as leis trabalhistas.

Dentre os problemas de saúde causados, ela destaca as dores lombares e o distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho, causados pelo uso de equipamentos que não atendem a ergonomia. No entanto, ela avalia que os casos de assédio moral também têm sido numerosos.

No Paraná, a maior quantidade de afastamentos por causas externas que motivaram o auxílio-doença acidentário foi por fraturas, o que corresponde a 66% das ocorrências. Na sequência, aparecem os traumatismos, com 10,6%; as luxações, com 7,9%; as amputações, com 6,2%; e os ferimentos, com 5,1%.

No estado, os afastamentos são motivados, em 73% dos casos, por acidentes, e em 24% das ocorrências, por doenças. As lesões do ombro correspondem ao tipo de doença mais comum, em 23% dos casos; seguida pela dorsalgia, com 19%. A procuradora do Trabalho acredita que os números de acidentes podem ser bem maiores.

O setor que registra a maior quantidade de acidentes no Paraná é o de abate de suínos, aves e outros animais. Depois, aparece o transporte rodoviário de carga. Em terceiro, está a administração pública em geral. Em quarto, o comércio varejista. Na quinta colocação, está a construção civil.

A quantidade de notificações de acidentes de trabalho no Paraná aumentou 61% em duas décadas. Em 2002, foram 27,7 mil registros e, em 2022, foram 44,7 mil. No Brasil, foram 612,9 mil casos em todo o ano retrasado. A procuradora afirma, no entanto, que a fiscalização acabou sendo dificultada ao longo dos anos.

As denúncias de irregularidades no ambiente de trabalho podem ser feitas por meio da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), do sindicato que regulamenta a categoria ou, em outros casos, por meio do Ministério Público do Trabalho. No Paraná, é possível obter informações pela internet no site prt9.mpt.mp.br.