A cada ano o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, recebe em média cem novos casos de câncer. O mais comum entre as crianças e adolescentes atendidos são as leucemias, que afetam os glóbulos brancos do sangue e comprometem o sistema de defesa do organismo. De 2017 a 2022, a instituição atendeu 144 casos desse conjunto de cânceres, que representa 30% de todos os tumores que ocorrem antes dos 15 anos.

O tumor do sistema nervoso central é o segundo tipo mais comum na infância e é causado por alterações do DNA no interior das células. De 2017 a 2022, a instituição atendeu 97 casos desse tumor que atinge o cérebro e a medula espinhal. Além desses dois cânceres, os neuroblastomas e os linfomas também são frequentes no ambulatório do Pequeno Príncipe.

Vanessa Marques é mãe de Gael. Eles são de Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. Gael tinha quatro anos quando foi diagnosticado com um ganglioneuroblastoma.

Antes do diagnóstico final a família passou por mais de sete estados até chegar no Pequeno Príncipe em Curitiba. Estavam em Cuiabá, mas por lá, segundo Vanessa não havia especialistas que aceitassem fazer a cirurgia de retirada do tumor. O tratamento possível era apenas de acompanhamento. Vanessa conta que procurou outras opiniões até chegar aqui na capital. Foi feita uma primeira cirurgia e uma nova biópsia. O resultado assustou e o tratamento teve que mudar. Na jornada foram incluídas sessões de quimioterapia. Foi um período complicado, de acordo com Vanessa, que estava longe de casa com o filho. Foi quando a equipe fez a cirurgia e retirou parte da massa do tumor e tudo mudou.

Hoje Gael brinca, corre, pula, leva uma vida saudável, mas faz acompanhamento médico com frequência.

Assim como ele, a pequena Helena, hoje com dois anos, já passou pela mesma batalha. A mãe Luciane Pryjmak Ponath conta que eles descobriram o câncer do tipo neuroblastoma, por conta de uma manchinha roxa que apareceu no canto do olho da pequena, como se fosse uma olheira. Foram várias idas ao pediatra, alguns exames e o encaminhamento para o Hospital Pequeno Príncipe. Vieram de Corupá, Santa Catarina.

O caso de Helena foi levado a um grupo de estudos sobre a doença fora do Brasil. Protocolos de tratamento foram adicionados.

Gabriela Caus, oncologista pediátrica do Pequeno Príncipe lembra que é preciso que os pais fiquem atentos. Se surgir algum sintoma persistente, o médico pediatra deve ser acionado.

Cansaço, manchas pelo corpo estão entre os sinais de alerta no caso da leucemia.

Quando o assunto é a morte por câncer na infância os dados são preocupantes. Enquanto a taxa nos Estados Unidos é de 22 mortes por milhão, no Brasil o índice fica em 43,4 por milhão, ou seja, praticamente o dobro. Os dados refletem a realidade até 2019 e constam em um levantamento sobre o panorama da oncologia pediátrica no Brasil feito pelo Instituto Desiderata.

Confira a reportagem completa aqui