Dados do Ministério Público do Trabalho apontam que nos últimos cinco anos no Paraná foram resgatadas 58 pessoas em situação análoga à escravidão em nove municípios, em áreas com predomínio de trabalho agrícola. Entre as cidades estão Bituruna, Cruz Machado, Coronel Vivida, Guaíra, Guaraniaçu, Irati, Nova Santa Rosa, Paranavaí e até mesmo em Rio Branco do Sul, Região Metropolitana de Curitiba.

Segundo a procuradora do Ministério Público Trabalho e responsável pela regional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Cristiane Maria Sbalqueiro Lopes, o trabalho escravo acaba sendo naturalizado em algumas regiões do Estado.

 

A procuradora explica como a situação se perpetua.

 

Há também situações de trabalho análogo ao de escravo na construção civil. Nesses casos, conforme a procuradora, o perfil dos trabalhadores difere das situações encontradas em zonas rurais.

 

Cristiane Lopes comenta que existem casos nos quais as crianças crescem já na condição semelhante à escravidão.

 

As operações de Combate ao Trabalho Escravo e Resgates registrou 137 ações, entre 2003 e 2018, sendo que em 74 inspeções houve resgate de pessoas em condições de trabalho degradantes. A maior parte das pessoas resgatadas são do sexo masculino, com idades entre 18 a 24 anos. Cerca de 18% são analfabetos e 26% tem até o 9º ano incompleto.

Entre os casos mais recentes está o resgate de dois trabalhadores em situação análoga à de escravo na cidade de Nova Esperança, região Noroeste do Paraná. Ambos não recebiam salários e o trabalho era prestado em troca de alimentação e de moradia. Conforme o Ministério do Trabalho, a dupla trabalhava todos os dias da semana, sem direito a folga.

A Secretaria da Justiça, Família e Trabalho afirma que atua em parceria com o Ministério Público do Trabalho, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal em situações do tipo. De acordo com o órgão, duas denúncias são investigadas, uma delas com oito trabalhadores e outra com 173 pessoas, em condições semelhantes à de trabalho escravo.

A coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, da Secretaria da Justiça, Família e Trabalho, Silvia Xavier, há oito anos no comando da pasta, explica como é feito o trabalho de resgate e acompanhamento das vítimas.

Sílvia Xavier afirma que as vítimas de trabalho análogo à escravidão não reconhecem que são exploradas.

 

O Ministério Público do Trabalho orienta que as denúncias devem ser feitas para a polícia, pelo número 190, ou anonimamente pelo 181. Outra opção também é acessar o site do Ministério do Trabalho, que aceita denúncias.

Repórter Scheila Pessoa com produção de Andressa Tavares