Um estudo feito por um professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) mostrou que, além das perdas econômicas, o contrabando de produtos também é um dos principais fatores para a evasão escolar, principalmente, em cidades que fazem fronteira com o Paraguai como Foz do Iguaçu e Guaíra, na região oeste do estado, e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) mostram que a evasão escolar nas regiões impactadas pelo contrabando – que fazem fronteira com o Paraguai – são mais altas que a média nacional. Enquanto no Brasil a evasão escolar no ensino médio foi de 8,60% em 2018, em Foz do Iguaçu foi de 9,10% e em Guaíra foi de 9,70%, ou seja, maiores que a média nacional.

O economista Pery Shikida, responsável pelo estudo e especialista da chamada “economia do crime”, explica que crianças e adolescentes aliciadas para o contrabando de cigarros, por exemplo, atuam principalmente como olheiros, carregadores de caixas de cigarros e batedores, que vão na frente dos caminhões para avisar se o caminho está livre de fiscalização.

Pery Shikida ressalta ainda que os chefes do contrabando preferem cooptar os menores de idade nessas regiões.

De acordo com o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), o contrabando causou perda econômica de R$ 300 bilhões ao país em 2021, em 15 setores produtivos e de arrecadação de impostos, um aumento de quase 5% na comparação com o ano de 2020.

Para Edson Vismona, presidente no FNCP, é preciso trabalhar a conscientização da população que acaba optando por produtos contrabandeados que, muitas vezes, são mais baratos que os vendidos no país, mas que alimentam o crime organizado.

Na comparação entre 2014 e 2021, o avanço do mercado ilegal causou aumento de quase 200% no prejuízo econômico, passando de aproximadamente R$ 100 bilhões para R$ 300 bilhões.