A maioria das rodovias no Paraná que estão em situação crítica está sob concessão estadual, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). A quantidade de pontos críticos existentes nas rodovias gerenciadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR) corresponde a 58% do total. De 36 ocorrências, 21 são em rodovias estaduais.

Os números fazem parte de uma pesquisa que mapeou 6,3 mil quilômetros de estradas em todo o Paraná. A diretora-executiva adjunta da CNT, Fernanda Rezende, que atuou no levantamento, explicou quais os problemas identificados nos locais onde há algum problema no pavimento. Do total de registros, 72% têm sinalização inadequada; 14%, deficiente, e outros 14%, adequada.

A pesquisa mostrou ainda que a rodovia com a maior quantidade de ocorrências é a PR-092, também conhecida como Rodovia dos Minérios, com cinco pontos críticos. A estrada é a responsável por ligar Curitiba até a cidade de Palmital, no interior, na divisa com São Paulo.

De todo o percurso, 30% não são pavimentados, o que corresponde a 110 quilômetros. Na rodovia, os principais problemas contabilizados foram grandes buracos e erosões na pista. Também foram verificadas as ausências de sinalização e de obras nos pontos identificados.


SAIBA MAIS:


Ao lado da PR-092, na pesquisa, está a PR-410, a Estrada da Graciosa. A via é um antigo acesso entre a região metropolitana e o litoral, e também registrou cinco pontos considerados críticos em 2023. Os principais incidentes apontados foram erosão na pista e queda de barreira. Dos cinco pontos, três estão sem obras e apenas um está sem sinalização.

Para quem precisa viajar pelas rodovias paranaenses, ainda há muito a melhorar. O caminhoneiro José Carlos Afonso, que circula pela BR-277, importante ligação entre Paranaguá e Foz do Iguaçu, identificou a piora na infraestrutura do trecho ao longo da última década. Os buracos são um problema para ele.

As rodovias federais correspondem a 42% dos locais mapeados como críticos no Paraná. Ao todo, são 15 pontos, sendo os principais na BR-277, na BR-376 e na BR-476. As três estão no pacote de privatizações elaborado pelo governo do Paraná junto ao governo federal. Os dois primeiros lotes foram adquiridos em leilão em agosto e setembro do ano passado e os contratos assinados no início de fevereiro.

O processo de privatização prevê que as concessionárias sejam as responsáveis pelos reparos imediatos e obras de longo prazo, como duplicações ou construções de novas faixas. O engenheiro e especialista em rodovias, Chrystiano Cavali, identificou que a sobrecarga do sistema rodoviário exigiu uma maior atenção na infraestrutura das estradas.

De todos os pontos considerados críticos, o levantamento indicou que 35 são de rodovias sob cuidados do poder público e apenas uma da iniciativa privada. No estado, as maiores reclamações foram buracos, erosões e quedas de barreira. Em 26 pontos identificados, não há sequer sinalização para os condutores e, em 34, não existem obras de reparo.

A CBN Curitiba entrou em contato com o DER-PR, que afirmou que as rodovias federais não são de responsabilidade do estado. O órgão reforçou que cuida de 12 mil quilômetros de estradas onde há serviços de operação e manutenção, com serviço de atendimento por telefone 24 horas por dia, todos os dias da semana, incluindo feriados, pelo telefone 0800-400-0404.

A reportagem também tentou contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para saber quais ações emergenciais serão tomadas até o início ou a conclusão das obras previstas pelas concessões das rodovias pedagiadas, mas não obteve resposta.