Um suposto esquema de pagamento de propina dentro do Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Depen-PR) foi alvo de um relatório de investigação em 2022, pela Agência de Inteligência do departamento. No documento, ao qual a CBN Curitiba teve acesso, há a menção de que o ex-diretor do órgão, Francisco Caricati, teria sido subornado pelo traficante condenado Marcos Silas, para promover benefícios e “vista grossa” dentro da Casa de Custódia de São José dos Pinhais.

No relatório, há a menção de que Caricati teria recebido valores superiores a R$1 milhão, para manter o preso em “um bloco que seria mais fácil à contravenção”, para que o traficante tivesse acesso a um celular. Outros R$500 mil teriam sido pagos para que Silas não fosse transferido para uma prisão federal.

O caso veio à tona após uma série de reportagens da RIC TV, que apresentava o trabalho da polícia e as investigações realizadas contra facções criminosas. A pedido de Caricati, uma decisão da Justiça impedia a emissora de divulgar o caso.

A presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Kátia Brembatti, frisou que a censura prévia não existe no Brasil.

Se manifestaram também a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR) e a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP). O órgão que representa grande parte das emissoras de rádio e TV do Paraná disse em nota que “a decisão judicial que proíbe a exibição do material atenta contra o direito constitucional de livre exercício do trabalho jornalístico e, consequentemente, contra o direito à informação da população”.

À CBN Curitiba, o governo do estado e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informaram por meio de nota que “A SESP tomou conhecimento da denúncia e abriu sindicância para apurar o caso. A apuração tem prazo de 15 dias para ser concluída e seguirá os trâmites legais”.

A emissora também entrou em contato com Francisco Caricati. Ele respondeu por meio de nota e disse que:

“esse relatório não é oficial do Deppen. Foi um fake News produzido por alguns servidores que pretendiam me tirar da direção. Fakes igual a essa fizeram várias contra mim. Todas foram devidamente apuradas e constatado a inexistência do fato. Outra coisa, quem assina a ida desse preso para o presídio federal fui eu. Esse fato é notório dentro do Deppen e governo. Na época eu pedi investigações como fazia em todas que fizeram contra mim. Portanto, não tem qualquer fundamento isso. Ressalto esse relatório é uma denúncia anônima em forma de relatório de inteligência, não foi produzido pela inteligência, como o conteúdo se provou ser falso. Há um documento oficial da inteligência do Deppen dando conta disso”.