O Paraná registrou 243 doações de órgãos de janeiro a junho, o estado líder com o maior número de doações efetivas de órgãos para transplantes nesse ano. Os dados são do relatório semestral da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

Para manter os números em crescimento o Paraná lançou nesta quarta (27) – Dia Nacional da Doação de Órgãos – uma campanha publicitária para conscientizar as famílias paranaenses sobre a importância da doação para salvar vidas.

Mas as equipes de saúde ainda enfrentam desafios quando se fala em doação. A coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, enfermeira Juliana Giugni, explica que o índice de recusa de doações está em 30%.

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O primeiro passo é falar sobre o assunto com os familiares. A enfermeira reforça a importância de ter consciência de que milhares de pessoas aguardam uma doação nos hospitais.

Essas atitudes salvam vidas como a da Samila Neri Rocha. Aos 15 anos, começou a ter problemas de saúde, que culminaram na deficiência das funções renais e a necessidade de enfrentar sessões de hemodiálise. Após aguardar cinco anos na fila sem sucesso, ela recebeu um transplante renal da própria mãe.

O Paraná registrou o maior número de doações efetivas de órgãos para transplantes nesse ano. Foto: Roberto Dziura Jr/AEN

No início ela teve receio com a saúde da mãe, mas ficou mais tranquila ao ver que os doadores também conseguem viver normalmente depois do procedimento.

O médico membro da equipe de transplante renal do Hospital Evangélico Mackenzie, Paulo Jaworski, explica que a demanda dos transplantes estão aumentando com o crescimento de algumas doenças, bem como o envelhecimento da população.

Quando um órgão fica disponível para transplante, equipes de saúde lutam contra o tempo para realizar os procedimentos. Cada órgão possui um tempo máximo até deixar de ser viável para um transplante.

Um coração, por exemplo, perde essa capacidade em 4 horas; um pulmão precisa ser utilizado entre 4 a 6 horas; fígado, 12 horas; pâncreas, 20 horas; e rim, 36 horas. Quanto menor o tempo transcorrido até o transplante, maiores são as chances de um resultado positivo.

Antes de ser inscrito na fila de espera por um órgão, o paciente é avaliado por uma equipe transplantadora, que é credenciada pelo Ministério da Saúde. Se preencher todos os critérios, o paciente é inscrito, de acordo com o órgão que necessita, no banco de dados do Sistema Nacional de Transplante.

Já o potencial doador, quando identificado, passa por exames de imagem e de laboratório, seguindo o protocolo estabelecido pelo Conselho Nacional de Medicina, para confirmar a morte encefálica. O diagnóstico é feito por um grupo de médicos, todos habilitados.

Quando esse doador é confirmado, faz-se um cruzamento de dados para encontrar um receptor compatível. São avaliados quesitos como tipo sanguíneo, compatibilidade genética, peso, altura, condição clínica e tempo de espera na fila. A distribuição dos órgãos é inicialmente restrita ao Estado. Se não for encontrado um receptor compatível na mesma unidade da Federação do doador, o órgão é oferecido nacionalmente.