O Ministério Público Federal pediu a liberação da obra da calçada na orla de Matinhos por meio de um despacho enviado nesta quarta-feira (06). O documento libera a continuidade das obras “contanto que isso não envolvesse o plantio de gramas”.
Essa decisão ocorre porque, ainda no ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pediu a paralisação de parte das obras alegando que estavam previstos o plantio de espécies não nativas na região e que isso poderia comprometer o ecossistema local. Dentre elas estaria o plantio de uma espécie de grama (Clusia fluminensis), que poderia se espalhar para outras áreas.
O Instituto Água e Terra havia alegado que o plantio dessa espécie de grama teria se dado com o fim de proteger as demais plantas de restingas, plantadas ao longo de faixas, no entorno da orla, sem aptidão para colonização, domínio, temido pelo Ministério Público.
A restinga é um ecossistema costeiro, ligado ao bioma da Mata Atlântica, presente ao longo de áreas litorâneas. Essa área está relacionada com a proteção costeira e biodiversidade, segundo o doutor em Geografia e professor da Uninter, Otacílio Lopes de Souza da Paz.
Essa vegetação atua como uma barreira física contra as ressacas do mar, ajuda na manutenção de recursos hídricos, abriga espécies animais e vegetais nativas da região. Com a inserção de uma espécie exótica, a preocupação é com a proliferação para outras áreas.
Assessoria da Prefeitura de Matinhos informou que está elaborando um documento com informações sobre a retomada desta etapa das obras, mas ainda não havia divulgado as informações até o fechamento desta reportagem.
De acordo com um balanço divulgado pelo Instituto Água e Terra (IAT) na terça (05), a revitalização da Orla de Matinhos alcançou 89% de conclusão e a previsão de término é para o segundo semestre de 2024.