Quem precisa viajar para o oeste do Paraná, escolhe uma das principais vias que integram a capital e interior, a BR-277. A saída de Curitiba até São Luiz do Purunã, distrito da cidade Balsa Nova, não esconde graves problemas para quem passa pela área. As queixas são muitas.

O trajeto, seja ele rumo à Foz do Iguaçu, ou para a vizinha Campo Largo, na Região Metropolitana, exige cada vez mais paciência dos motoristas. Não faltam queixas sobre os longos congestionamentos causados por veículos em pane, acidentes, buracos ou até quando não há motivo algum.

Para os condutores, o excesso de carros, motocicletas, caminhões e ônibus causa uma abundância de engarrafamentos. As queixas também se estendem ao problema da infraestrutura da rodovia, como conta o caminhoneiro Luiz Sanga, que sempre viaja para o interior pela BR-277.

Os profissionais que precisam da via para trabalhar acompanham, há anos, as dificuldades de ver o trânsito fluir sem ao menos um foco de congestionamento. Essa é a reclamação do caminhoneiro José Carlos Afonso, que circula pela rodovia há 25 anos. Ele apontou que a situação piorou muito ao longo dos últimos 10 anos.

As reclamações se estendem ainda aos motoristas de veículos menores. O vendedor Luiz Fernando Chaves, que precisa viajar de carro para o interior com certa frequência, reclamou do excesso de pausas no trajeto. As paradas são constantes e exigem paciência de quem está ao volante.

A rodovia, que deixou de ser pedagiada em novembro de 2021, voltou a ser controlada por uma concessionária, nos trechos que ligam a capital até Prudentópolis, no interior, e de Curitiba até o litoral. O período sem pedágios deixou um rastro de problemas estruturais, como disse o caminhoneiro Daniel Soares.

No terminal de ônibus de Campo Largo, os passageiros dos ônibus metropolitanos afirmam sofrer, com frequência, com os congestionamentos na rodovia. O vendedor Rulhan Quadros comprou um apartamento na cidade há um ano, quando se mudou. Desde então, a alegria do imóvel próprio é dividida com a frustração da ineficiência de se locomover até o trabalho na capital.

No mesmo terminal, a tecnóloga de radiologia Tais Pereira da Luz contou que a experiência de se mudar da capital para Campo Largo há alguns anos também trouxe uma nova realidade. Ao fugir do trânsito da metrópole, as dificuldades do congestionamento voltaram a aparecer em uma cidade que nem parece estar ao lado de Curitiba. O trânsito intenso atrasa a rotina dela.

Os transtornos também incomodam quem precisa se locomover para ganhar o próprio salário. O motorista de aplicativo Gilberto Bubola contou que o maior problema, na opinião dele, é a lentidão do trecho que liga Campo Largo a Curitiba. Ele já chegou a ficar seis horas parado no trânsito.


SAIBA MAIS:


O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), Sérgio Malucelli, compreende que a integração de duas rodovias em apenas uma neste trecho oeste de Curitiba é um grande problema. Para ele, são necessários ajustes na própria rodovia para aumentar a capacidade de veículos. A expectativa é de que o pedágio diminua os transtornos.

Para o fundador do Fórum Nacional de Mobilidade, o Mova-se, Miguel Ângelo Pricinote, o modal rodoviário no país acabou sendo priorizado em detrimento de outras possibilidades de transporte de carga. O excesso de caminhões nas rodovias, disputando espaço com veículos de passeio, resultou na sobrecarga existente nas vias de integração existentes no país, como o caso da BR-277.

Em entrevista à CBN Curitiba, o secretário de estado de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, afirmou que o governo federal deve repassar verbas para manutenções em rodovias, mas não explicou se elas serão utilizadas na BR-277. Porém, destacou as obras que serão feitas nos próximos anos da estrada que dá acesso ao interior paranaense.

O engenheiro e especialista em rodovias, Chrystiano Cavali, explicou que a situação da BR-277, na qual acontecem congestionamentos frequentes no trecho que liga a capital até São Luiz do Purunã, também é reflexo da sobrecarga e da falta de investimentos em infraestrutura.

O fato é que o atraso de horas para percorrer o trecho entre Curitiba e Campo Largo, que demandaria, no máximo, 40 minutos, se tornou uma dor de cabeça para quem vive na região metropolitana. Para quem viaja, o trajeto para o interior se tornou uma incerteza, com congestionamentos que surgem frequentemente e que aumentam o tempo de percurso. As queixas são várias e o futuro ainda é incerto.

A CBN Curitiba tentou contato por telefone e e-mail com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para saber quais ações emergenciais serão tomadas até o início ou a conclusão das obras previstas pelas concessões, mas não obteve resposta.