A cidade de Curitiba registrou quase cinco vezes mais raios nos últimos três meses em comparação com o mesmo período de 2021, segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Os números indicam que houve uma média de seis a dez raios por quilômetro quadrado na capital paranaense.

Em entrevista à CBN Curitiba, o meteorologia do Simepar, Lizandro Jacóbsen, explicou que a diferença aconteceu por conta das mudanças na incidência de chuva registradas nos últimos três anos. Em 2021, o Paraná passou por um longo período de estiagem, enquanto, entre 2023 e 2024, este cenário mudou consideravelmente.

O profissional apontou que a grande incidência de descargas elétricas nos últimos três meses está diretamente relacionada à grande precipitação na Região Metropolitana de Curitiba. Outras regiões do estado também têm uma quantidade considerável de raios, com o litoral e a faixa oeste. O volume intenso de chuva deve permanecer até março, quando haverá o início do outono.

Além do verão, período em que há bastante chuva, outro fator que intensificou a quantidade de raios foi o fenômeno El Niño, caso em que acontece um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, provocando fenômenos atmosféricos intensos em boa parte da América do Sul. Porém, o meteorologista explicou que os raios, neste caso, não têm relação com as mudanças climáticas.

O mês de fevereiro deve seguir com as tradicionais pancadas de chuva no período da tarde e serão poucos os dias sem registro de precipitação. Durante a tarde, a previsão é de que haja um maior aquecimento e as nuvens de chuva devem se formar, provocando chuvas rápidas e passageiras, mas que podem ser fortes.

Em 2023, mais de 1 milhão de raios atingiram o Paraná. Os números também foram divulgados pelo Simepar, que apontou que o índice foi 27% maior que o contabilizado em 2022 e o maior em três anos. A cidade mais atingida por descargas elétricas durante o ano passado foi Guaraqueçaba, no litoral, com mais de 16 mil ocorrências.


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O meteorologista e coordenador de Operação do Simepar, Marco Jusevicius, disse para a CBN Curitiba que as regiões mais atingidas por raios são as que contemplam a faixa leste do Paraná, o que inclui a Serra do Mar e a faixa litorânea. Além disso, o noroeste, oeste e a divisa com Santa Catarina também acumularam abundância de descargas elétricas.

O Simepar apontou que o Paraná teve densidade média de 5,3 raios por quilômetro quadrado. A média diária de descargas elétricas, considerando que os raios tenham acontecido de maneira uniforme durante todo o ano, é de 2.916 raios. A capital, Curitiba, registrou 3.104 raios em 2023, índice 30% maior que em 2022.

O mês com a maior incidência de raios no Paraná foi outubro, com 271 mil descargas. O mês de maio teve o menor índice, com cerca de 4,1 mil. O meteorologista explicou quais os cuidados devem ser tomados pelas pessoas para evitar incidentes com raios. O importante é evitar ficar em locais onde há risco de queda de descargas, como árvores, áreas descampadas, praias e piscinas.

A cidade de Guarapuava, no interior do Paraná, ficou em segundo lugar, com 14,4 mil ocorrências. Em terceiro, aparece Cascavel, com 14 mil. Na quarta colocação, está Tibagi, com 13,2 mil. Em quinto, Pinhão, no interior, com 10,8 mil. Na sexta colocação, a cidade de Palmas, com 10,4 mil. Depois, Guaratuba ocupa a sétima posição, com 9,8 mil. Em oitavo, está Cruz Machado, com 9,6 mil. Em nono, Ortigueira, com 9,2 mil. Por fim, Lapa, com 9,1 mil.