O Paraná registrou três mortes por coqueluche em 2024. Até 28 de agosto, a doença atingiu 249 pessoas com diagnóstico confirmado no estado. Na capital, dois bebês com menos de 6 meses morreram em decorrência da contaminação. De acordo com Diego Spinoza, epidemiologista da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, a hesitação vacinal ocorreu nos dois casos, já que as mães não estavam vacinadas. Na última morte confirmada, nem a criança estava imunizada.

A capital paranaense estava sem mortes por coqueluche desde 2013. O surto ocorre em concomitância com a queda de vacinação, experimentada desde 2015. Nos últimos quatro anos a cidade não atingiu a meta de 95% de imunização. Em 2021 foram 77,8% de cobertura, em 2022 93,4% e em 2023 90%. Até agosto de 2024, a aplicação de vacinas atingiu 85,4% do público alvo, sendo bebês e gestantes a maior prioridade.
A secretária de Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella Nadas, reforça que a queda na imunização de mães, por exemplo, que em todo o Paraná, representam apenas 62% do público alvo vacinado, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), contribue para a abertura de janelas de contaminação.

No Paraná a cobertura vacinal é hoje de 86,54% para a vacina pentavalente e 83,94% para a DTP para as crianças considerando os primeiros oito meses de 2024. Nos últimos seis anos o estado ficou abaixo da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) que é de 95%, chegando perto em 2018 com 90,90% do público vacinado e em 2023 com 91,20%.

Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que a bactéria que provoca a coqueluche ganha força em “ondas” de contaminação e que mais do que vacinar é preciso combater as fakenews que aumentam a desconfiança na ciência e nos imunizantes.

Os sintomas da coqueluche se confundem com o de outras doenças respiratórias, com coriza, tosse seca, febre baixa e mal-estar geral. Em casos mais moderados ou graves, mais comuns em crianças, a tosse se apresenta de maneira bem característica. A crise de tosse pode ser tão intensa que pode comprometer a respiração, provocar vômito ou cansaço extremo, por isso a doença é conhecida popularmente como “tosse comprida”. O tratamento da coqueluche é feito com antibiótico.

A melhor forma de prevenir a contaminação é com a vacina, como reforça a secretária de Saúde.

Nas crianças, o esquema vacinal é realizado com a vacina pentavalente, com três doses, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de idade. O reforço é aplicado com a vacina DTP, aplicada aos 15 meses e outra dose aos 4 anos. Em adultos, a vacina aplicada de rotina é a dTpa em gestantes, puérperas e profissionais de saúde. Neste momento de surto, profissionais da educação infantil também estão sendo convocados a se vacinar, já que podem ser portadores da doença. A vacina é de graça e pode ser encontrada em Unidades Básicas de Saúde de todo o Paraná.