A classe médica e o Conselho Regional de Medicina do Paraná esperam “regulamentação do fenol” após decisão temporária da Anvisa que proíbe o uso do produto para procedimentos estéticos por qualquer profissional. O comentário é do médico dermatologista e coordenador da Câmara Técnica de Dermatologia do CRM-PR, Guilherme Graça Cardoso.

O médico defendeu a regulamentação e controle mais rígido para que não haja uma abolição total do uso do fenol. Ele lembrou que o produto é usado há 50 anos e é seguro se for feito por médicos e profissionais autorizados.

A Anvisa justificou a proibição afirmando que “não há produto a base de fenol regularizado na Anvisa com indicação para procedimentos de peeling”. A Agência informou que a determinação vale enquanto conduz investigações sobre os potenciais riscos do fenol.

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Segundo o médico do CRM-PR, a preocupação é com a banalização do fenol. Ele destacou que o procedimento não pode ser feito por qualquer pessoa, muito menos com orientações de cursos divulgados na internet.

É justamente essa banalização que o médico acredita ser responsável pelos dois acidentes envolvendo aplicação do peeling de fenol no final de maio. Um caso levou a morte de paciente em São Paulo e foi feito por influenciadora que afirmou ter realizado curso online.

Em outra situação, uma mulher de 64 anos sofreu queimaduras e foi internada após procedimento em Curitiba. Nesse caso, a Polícia Civil disse ter encontrado produtos sem autorização na clínica.

Para a biomédica esteta e segunda secretária do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6), Valéria Avanzi, disse que o conselho está de acordo com a decisão e que se houver liberação o pedido é que o peeling de fenol seja realizado apenas por profissional habilitado.

Segundo a Polícia Civil do Paraná, ambos os incidentes envolvendo peeling de fenol seguem sendo investigados. A corporação também confirmou que a mulher de 64 anos que sofreu as queimaduras em Curitiba já recebeu alta do hospital.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o peeling de fenol é um procedimento estético que demanda extrema cautela e é “indicado para tratar casos de envelhecimento facial severo, caracterizados por rugas profundas e textura da pele consideravelmente comprometida”. A definição aponta que o peeling de fenol não pode ser realizado em qualquer caso e que precisa de avaliação da condição do paciente.

Por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina do Paraná também esclareceu que não se opõe a decisão da Anvisa, confira:

Considerando ser atribuição do CRM-PR a proteção da sociedade; considerando a gama de produtos utilizados com segurança para fins do procedimento denominado “peeling”; considerando tratar-se de procedimento entendido e no bojo do ato médico; este CRM-PR não se opõe à Resolução 2.384/2024 da Anvisa.

Contudo, o CRM-PR reitera que é fundamental a plena fiscalização de demais procedimentos realizados por profissionais não médicos e, portanto, não capacitados para diagnóstico e tratamento adequados. Profissionais incapazes de atuar, inclusive, nas possíveis complicações de seus atos.