Um levantamento realizado pela Urbanização de Curitiba (Urbs) mostrou que no ano passado foram registrados 59 acidentes nas canaletas de ônibus na capital envolvendo ciclistas e pedestres, com 54 feridos e três mortes. O volume é 51% superior ao de 2022, quando foram 39 acidentes, com 44 feridos e quatro mortes.

O espaço é destinado ao trânsito exclusivo de ônibus do transporte público e de veículos de órgãos de segurança e resgate. No entanto, em razão do menor fluxo, muita gente opta por utilizar as faixas e dividir espaço com os veículos grandes como os biarticulados, o que é proibido e perigoso, como explica Claudinei Moro, gestor da área de fiscalização do transporte coletivo da Urbs.

Ainda conforme os dados levantados pela Urbs, nos dois primeiros meses do ano já ocorreram nove acidentes nas canaletas da capital, com oito feridos. No mesmo período do ano passado foram seis acidentes com oito feridos.


SAIBA MAIS:


A personal trainer Jéssica Meurer costuma utilizar a Avenida Sete de Setembro diariamente. Pela manhã ela estava na ciclovia, mas revelou que em alguns momentos do dia utiliza a canaleta para se sentir mais segura.

Mas apesar de alguns ciclistas acessarem o espaço para se sentirem mais seguros, existem outros que desafiam a segurança, como exemplifica Claudinei.

Em 2023, a Guarda Municipal recebeu 129 denúncias através do telefone de emergência 153, de pessoas que estariam praticando conduta perigosa nas canaletas. A última ocorrência foi registrada no fim de março, com um acidente que levou um ciclista que pegava “rabeira” em um biarticulado a ser internado com traumatismo craniano, após sofrer uma queda e ser prensado entre o veículo e o asfalto.

Para a aposentada Maria Luiza Gren, que utiliza as calçadas da Avenida Sete de Setembro diariamente para passear com seu cachorro, a imprudência se torna o principal motivo para os acidentes.

Heraldo Mendes também aponta a pressa como um dos fatores para as escolhas erradas no trânsito.

Cassiano Ferreira, especialista em Trânsito ressalta que a conscientização precisa ser de todos, não só de pedestres e ciclistas, já que a violência do trânsito acaba afastando esses atores dos espaços corretos por práticas ofensivas.

Para tentar diminuir esse tipo de ocorrência, a prefeitura pontuou que tem mobilizado ciclistas e pedestres, mas que também tem realizado ações para treinar os motoristas dos ônibus. Mais de 2.800 condutores receberam treinamentos de práticas de direção defensiva no transporte público. Só que para o gestor da área de fiscalização do transporte coletivo da Urbs é preciso fortalecer as campanhas.

Os especialistas pontuam ainda que é necessário ensinar as crianças, mas também os adultos já que eles são exemplos para os pequenos. Então as ações não podem ser só pontuais em volta às aulas e no maio amarelo e precisam ser constantes, dentro das escolas e auto-escolas.