Nesta semana a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa) declarou que o estado está em epidemia da dengue após um aumento significativo de quase 40% no número de casos confirmados da doença em apenas uma semana. No entanto, muitas pessoas acabaram subestimando a dengue nos últimos anos, muito por conta da pandemia da Covid-19.

Durante uma apresentação na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), Kelly Germano, mestranda do Programa de Pós-graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), disse que esse pode ser um dos principais fatores para que não só o estado, mas o Brasil todo, registrasse números alarmantes sobre a dengue.

Kelly Germano falou ainda que, nos últimos dois anos, a Covid-19 foi o foco das autoridades de saúde e, por isso, campanhas e debates sobre outras doenças acabaram ficando em segundo plano.

A dengue é uma das 17 doenças negligenciadas no mundo e que estão listadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Doenças negligenciadas são causadas por agentes infecciosos e são mais comuns em países tropicais, como o Brasil, a África e a Austrália.

A mestranda explica que outra característica relevante é que essas doenças, assim como a dengue, atingem em sua maioria pessoas de baixa renda, que sofrem com baixos investimentos em saúde e saneamento básicos.

No Paraná, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, dois tipos de dengue já foram registrados. Na epidemia declarada entre 2019 e 2020, a predominância era da Dengue Tipo 2, enquanto neste ano, a predominância é da Dengue Tipo 1.

Kelly Germano conta que a proliferação do mosquito Aedes aegypti é rápida e, por isso, eliminar os possíveis criadouros é fundamental para combater a doença.

De acordo com o último boletim da dengue, divulgado pela Sesa, o Paraná já registrou 23.161 casos confirmados em 287 cidades e cinco mortes pela doença.