Segundo uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil lidera o ranking de agressões contra professores. O levantamento envolveu mais de 100 mil professores em todo o mundo. Partindo dessa informação, em julho de 2022, a Nova Escola fez uma análise sobre violência no ambiente escolar com mais de 5.000 educadores. Os dados apontaram que sete em cada dez professores relataram casos de violência nas instituições em que trabalham.

Esse levantamento mostra que o ataque contra docentes e estudantes de uma escola estadual de São Paulo, ocorrido nesta segunda-feira (27), não foi um caso isolado. O ataque brutal terminou com a morte de uma professora, além de deixar outros cinco feridos, entre eles três professores e dois alunos. O responsável pelas agressões à faca foi um estudante da escola de apenas 13 anos.

Conforme a pesquisa realizada pela Nova Escola, dos 5.000 profissionais da Educação entrevistados, quase 3.000 afirmaram ter sido vítimas de violência. No topo, como principais agressores, estão os estudantes apontados como responsáveis por mais de 50% das agressões; seguidos de familiares de alunos, cerca de 26%; gestores escolares e colegas de trabalho, que representam pouco mais de 11%; e outros professores representam 9% das agressões sofridas.

A coordenadora da pesquisa apontou que entre os motivos que ajudam a entender a escalada da violência dentro das escolas estão o aumento da violência no cenário global, com guerras e conflitos espalhados pelo mundo, além da disseminação de discursos de ódio. Segundo a orientadora da pesquisa, tudo isso leva a uma naturalização da violência.

Outro fator apontado foi o cenário pós-pandemia, já que com a retomada das atividades presenciais nas escolas, os casos de violência contra profissionais de Educação aumentaram. Na pesquisa realizada pela Nova Escola, quase 69% dos professores entrevistados tiveram essa percepção. Ainda segundo o levantamento, a maioria dos docentes, cerca de 57%, acredita que esse crescimento pode estar relacionado à maior incidência de questões psicológicas, em razão do período de isolamento social durante a pandemia. A falta de socialização dos alunos também foi apontado por 45% dos profissionais como uma das explicações para a violência praticada dentro das instituições de ensino.

Conforme o relato de uma professora da rede estadual, que não quis se identificar, os alunos voltaram para o ensino presencial sem paciência.

A docente explicou que a volta para a sala de aula ainda tem que ser conciliada com as atividades nas plataformas da rede estadual de ensino, o que gera ainda mais conflitos.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) informou que em casos de violência a escola convoca os responsáveis para tomar conhecimento da situação e também orientar sobre o caso. Dependendo da gravidade ou resolução da situação, também é acionado o Conselho Tutelar para prestar apoio e encaminhamento necessário à rede de proteção. Segundo a Seed, também é possível que o estudante seja suspenso das atividades em sala de aula e encaminhado para outro ambiente escolar por um determinado período.

A Secretaria Estadual de Educação ressaltou que como em qualquer episódio de violência, dependendo da gravidade da situação, a Patrulha Escolar é acionada para dar apoio à escola e os envolvidos devem denunciar e buscar seus direitos junto às autoridades policiais.