No Paraná, as denúncias de violência doméstica são o segundo maior registro de ocorrências na Polícia Militar, segundo números divulgados pela corporação. Em 2022, foram 52,5 mil denúncias pelo telefone e pelo aplicativo 190. O índice perde apenas para a perturbação do sossego, que teve 160 mil acionamentos.
O índice mostra a grande quantidade de casos de violência doméstica no estado. No Paraná, a Polícia Civil tenta ajudar mulheres com atendimentos especializados para as vítimas de agressores que, muitas vezes, vivem junto delas na própria casa.
Imagens de uma câmera de segurança flagraram o momento em que uma mulher foi agredida por um homem dentro de um carro em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, nesta quinta-feira (29). A vítima foi socorrida pela Guarda Municipal, que flagrou a ação pelas filmagens. Ela alegou ter sofrido ameaça de morte e o homem foi preso.
Em outro caso, uma mulher foi socorrida em Curitiba após enviar bilhetes pedindo ajuda por estar mantida em cárcere privado pelo marido, no bairro Campo do Santana. A Guarda Municipal recebeu os bilhetes e resgatou a mulher que estava há três dias presa. Ela estava dentro um quarto e tinha sido ameaçada com uma faca e agredida pelo marido.
Segundo a presidente do Instituto Todas Marias, Goretti Bussolo, as denúncias e pedidos de apoio de mulheres em situação de violência aumentaram até 40% entre 2021 e 2022. A ONG, localizada em Curitiba, presta apoio às vítimas. A responsável pelo instituto explica porque muitas mulheres têm dificuldade em denunciar os agressores.
No caso da violência doméstica, a denúncia é ainda a principal maneira de ajudar as vítimas. Porém, a presidente da ONG aponta que é preciso que as testemunhas também tomem uma atitude ao flagrarem situações do tipo.
Goretti elogiou a melhora nos atendimentos especializados às mulheres vítimas de violência, mas criticou a quantidade de delegacias no estado. Em todo o Paraná, existem 20 delegacias voltadas para o atendimento de quem sofre agressões por parte de homens.
A representante da ONG apontou que as denúncias aumentaram ao longo dos últimos anos, mas que os casos também aumentaram diante da pandemia de Covid-19 e do agravamento da crise financeira no país. Os problemas sociais influenciaram na quantidade registrada de ocorrências de violência doméstica.
Os registros de mulheres vítimas de agressores têm aumentado de maneira considerável. Na ONG onde atua, Goretti afirmou que os atendimentos aumentaram de seis, por dia, para até 11 casos. E boa parte da violência acontece dentro da própria casa.
Para Goretti, a denúncia é fundamental para que o ciclo da violência acabe. Ela disse que as vítimas precisam procurar ajuda tanto das autoridades, como de ONGs que atuam em defesa delas.
Por fim, ela destaca o trabalho realizado pelo instituto. Na ONG, as mulheres encontram apoio psicológico e até uma colocação no mercado de trabalho para deixar de depender financeiramente dos homens que causam as agressões. A autonomia é essencial para que elas saiam o ciclo da violência doméstica.
Por: Bruno de Oliveira