Foram indiciados o analista operacional, o gerente-geral da unidade e o gerente de medicina e segurança do trabalho da cooperativa C.Vale, que fica em Palotina, no Oeste do estado. De acordo com a investigação feita pela Polícia Civil do Paraná, os três funcionários foram indiciadas por homicídio culposo e lesão corporal culposo após a finalização do inquérito policial.

A explosão que atingiu silos de secagem de grãos aconteceu no dia 26 de julho de 2023, em uma unidade da cooperativa. Ao todo, 20 pessoas ficaram feridas após as explosões, sendo que dez funcionários morreram. Outras dez pessoas foram levadas ao hospital e conseguiram se recuperar. Entre os mortos estavam oito haitianos e dois brasileiros.

A Polícia Científica do Paraná concluiu que a explosão foi causada por excesso de poeira no ar associada a faíscas geradas pelo contato de ferramentas metálicas com o piso de concreto durante a remoção de grãos de milho derramados.

Foram ouvidas mais de 50 pessoas durante o inquérito policial. Também foram feitos levantamentos dos danos, análise de documentos e imagens, coleta de vestígios, além da análise das possíveis causas.

A investigação apontou que era de conhecimento geral que a poeira poderia causar explosão. A Polícia Civil analisou a responsabilidade dos encarregados de cada setor e as condutas que contribuíram para o acidente.

No início deste mês, o Ministério do Trabalho e Emprego chegou à conclusão que houve falha no sistema de segurança da cooperativa onde aconteceu a explosão do silo.

O relatório foi enviado para a Advocacia Geral da União (AGU) e para o Ministério Público do Trabalho (MPT), que na época da explosão abriu uma investigação para apurar as circunstâncias e as causas do acidente. Com o recebimento do documento elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério Público do Trabalho deve definir se cabe uma ação civil pública para responsabilizar a cooperativa pelo acidente.

Já o Ministério Público do Paraná (MPPR) informou que após a conclusão do inquérito policial tem 15 dias para analisar a documentação produzida pela investigação. Depois desse prazo, o órgão define se oferece denúncia à Justiça.

Por meio de nota, a C.Vale informou que, assim que a cooperativa receber formalmente o parecer vai avaliar o conteúdo do laudo. A C.Vale reafirmou que colaborou com as investigações e também reforçou o compromisso com a reparação dos danos resultantes que forem reconhecidos.

De acordo com a cooperativa, estão mantidas de forma ativa as políticas de segurança, com a intensificação de medidas necessárias para averiguar a regularidade estrutural de todas as unidades de recebimento de grãos. Além disso, a C.Vale acompanha todos os desdobramentos judiciais que tramitam nas esferas cíveis, trabalhistas e criminais, para responder conforme sua responsabilidade.