Há algumas semanas a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a varíola dos macacos como uma emergência de saúde pública de interesse mundial. Diante disso, o Ministério da Saúde criou um Centro de Operação de Emergências (COE) para elaboração do Plano de Contingência contra o surto da doença no país.

O Paraná contabiliza até o momento 36 casos de varíola dos macacos e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) emitiu uma Resolução com orientações sobre a doença, que estabelece diretrizes de atendimento para os casos suspeitos ou confirmados da doença.

De acordo com a Sesa, todos os profissionais que atuam em qualquer tipo de serviço de saúde devem ficar atentos para a identificação, notificação e condução adequado dos casos. O atendimento inicial deve ser realizado, preferencialmente, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo indicada a internação hospitalar para os casos que apresentem sinais de gravidade.

Para reduzir a cadeia de transmissão nos serviços de saúde, o atendimento deverá ter fluxo adequado no momento da triagem para encaminhar os pacientes às salas de isolamento. Essa recomendação deve ser adotada para evitar o contato com outras pessoas. Em caso suspeito de varíola dos macacos, deve ser disponibilizado máscara cirúrgica e realizar o isolamento imediatamente em área separada dos outros pacientes. Também dever ser mantida distância de um metro ou mais com as pessoas infectadas, enquanto aguardam atendimento.

Caso o paciente apresente lesões de pele em áreas expostas, essas devem ser protegidas por lençol, vestimentas ou avental com mangas longas. Essas orientações sobre as medidas de precauções foram publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Outra recomendação para os profissionais de saúde é a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) como máscaras cirúrgicas, óculos de proteção ou protetor facial, luvas e avental, além da higienização das mãos regularmente.

As equipes de saúde devem considerar os seguintes agravos para diagnóstico diferencial de varíola dos macacos, como varicela ou herpes zoster, herpes simples, infecções bacterianas da pele, infecção por gonorreia, sífilis primária ou secundária, reação alérgica e quaisquer outras causas de erupção cutânea papular ou vesicular. Segundo a Resolução, existem relatos de pessoas coinfectadas com a varíola dos macacos e outros tipos de infecções, portanto, casos com erupção cutânea devem ser investigados mesmo que outros testes apresentem resultado positivos.

As notificações de todos os quadros que preenchem a definição de caso suspeito devem ser informadas imediatamente à vigilância epidemiológica de cada município, à Regional de Saúde, ao Centro de Informação Estratégica de Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS), além de preencher um formulário eletrônico de notificação e investigação disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

Em relação aos exames laboratoriais as equipes de saúde devem realizar a coleta para diagnóstico de varíola dos macacos, em seguida fazer o registro de amostras no Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) e encaminhar ao Laboratório Central do Estado (Lacen/PR).

Os antivirais utilizados para tratamento da doença no mundo, ainda não estão disponíveis no Brasil. Sendo assim, o tratamento das lesões deve ser direcionado com o objetivo de aliviar desconforto e prevenir complicações. Não deve ser usados antibióticos nos casos não complicados. No entanto, as lesões devem ser monitoradas para infecção bacteriana secundária e, se presentes, tratadas com antibióticos com atividade contra a flora normal da pele.

De acordo com as orientações da Resolução divulgadas pela Secretaria estadual de Saúde, nos casos suspeitos e confirmados da doença as pessoas devem ser aconselhados a se abster de relações sexuais até que todas as lesões de pele tenham melhorado e uma nova camada de pele tenha se formado por baixo. Também é sugerido o uso de preservativo de forma consistente durante a atividade sexual por 12 semanas após a recuperação para prevenir uma possível transmissão de varíola dos macacos.

As vacinas contra a varíola não estão disponíveis para a população geral, e a vacinação universal até o presente momento não é indicada.