O primeiro comunicado sobre o processo determinado pelo Governo do Paraná para transformar a Companhia Paranaense de Energia (Copel), de empresa pública a corporação, foi feito em 21 de novembro de 2022. Naquela época, o texto enviado para o presidente da instituição apenas informava que empresa não teria um dono e o capital seria disperso. No entanto, o Estado seguiria como maior acionista, com o “mínimo de 15%” das ações, além de possuir uma ação de classe especial, “golden share, com poder de veto, que visa garantir os investimentos da Copel Distribuição”.
O projeto precisava ser aprovado na Assembleia Legislativa do Paraná e foi enviado pelo executivo para a tramitação em regime de urgência, logo após as eleições estaduais. Funcionários da Copel protestaram, participando das sessões.
O presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná, Leandro José Grassmann, contou que o presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero, chegou a ser vaiado por funcionários após comunicar o andamento da desestatização.

O deputado estadual Guto Silva (Progressistas), da base de Ratinho Junior, justificou a necessidade de desestatização e comparou a situação com a da Eletrobrás.

Deputados da oposição criticaram a medida, pela celeridade do processo de votação, que ocorreu em poucos dias dentro da Alep e a ausência de discussão e participação da comunidade. Arilson Chiorato (PT) chegou a acionar o Tribunal de Contas para o acompanhamento da tramitação.

No dia 24 de novembro, foi concluída a votação do projeto de lei que prevê a diminuição da participação do Governo do Estado na Companhia Paranaense de Energia (Copel). O texto foi aprovado por 38 votos a 13 em última votação e sancionado pelo governador Ratinho Júnior (PSD).
Em abril de 2023, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) analisava a renovação das concessões de Salto de Caxias, Segredo e Foz do Areia, para a Copel. A decisão levaria a oferta de ações secundárias para obter os recursos para pagar os cerca de R$3,72 bilhões pelas concessões das hidrelétricas. Junto a isso, a companhia conseguiu superar a situação envolvendo um entrave com o banco Itaú e seguiu com o processo de vendas de ações na B3. No mesmo período, deputados da oposição fizeram uma audiência pública e encaminharam um abaixo-assinado com 40 mil assinaturas contrárias a “privatização da Copel” que foi encaminhado ao governo federal.
No entanto, o processo de desestatização seguiu. Em 11 de julho, houve a reforma do estatuto da Copel, aprovada em Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas, entre as mudanças o número de cadeiras pertencentes ao governo do estado dentro da diretoria da empresa, que passou de cinco, número calculado em razão dos 31% de ações, para duas a três, em função da diminuição do controle de papéis para 15,2%.
Em 26 de julho, a Copel divulgou um comunicado de Fato Relevante, ao mercado e também aos acionistas, informando a oferta primária de ações na Bolsa de Valores. Naquela época, a companhia apontou que o potencial da operação levantaria entre R$ 4,3 bilhões e R$ 5 bilhões.
No dia 2 de agosto, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a outorga das três principais usinas hidrelétricas da Companhia Paranaense de Energia (Copel). A medida atingiu as usinas de Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias, responsáveis por 62% do parque gerador de energia da Copel.
Seis dias depois, a empresa divulgou um novo Fato Relevante. No pregão do dia 8 de agosto, a Copel vendeu parte das ações do Governo do Estado na B3, movimentando R$ 5,2 bilhões, incluindo a venda de um lote suplementar. Os papéis foram vendidos a R$ 8,25, com um ágio de 5% em relação ao preço de referência estabelecido pela companhia no lançamento da oferta, que foi de R$ 7,85 por ação.
O governador Ratinho Junior participa da cerimônia de toque de campainha que encerra a oferta de ações da Companhia Paranaense de Energia (Copel) na B3, em São Paulo. Com a nova composição, a empresa vira uma corporação.