Um assunto polêmico que está circulando pelas redes sociais: a reforma do Teatro Paiol. Muitas publicações sobre o tema circulam sobre ponto turístico de Curitiba, que passa por um processo de recuperação estrutural.

O que chamou a atenção de algumas pessoas nesta semana foi a pintura que está sendo feita, de certa forma retirando as características do prédio. As paredes que antes tinham um aspecto envelhecido, com desgaste natural, deu lugar a uma pintura amarela, perfeita, bem diferente do que todo mundo já está acostumado a ver.

A reportagem da CBN Curitiba buscou a Prefeitura da capital para entender o projeto e os motivos da pintura.

Por meio de nota o executivo municipal informou que a obra de recuperação do Teatro do Paiol não está concluída, e que era urgente pela ruína do telhado e por conta de outros problemas na estrutura da construção de 1906.

A Prefeitura esclarece que a reforma foi precedida de estudos técnicos e a cor amarela trabalhada conforme prospecção realizada por arquitetos especializados em patrimônio histórico. O projeto elaborado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) foi aprovado pela Comissão do Patrimônio Histórico e Cultural (CAPC) e submetido ao programa Cultura: Preservação, Promoção e Acesso do Governo Federal.

A pintura não foi realizada com tinta, diz a Prefeitura. A técnica usada é a pintura a base de cal, para a proteção da alvenaria e que com a ação do tempo gradualmente devolverá o caráter rústico da fachada da edificação (efeito “desgaste” de cor e reboco). A etapa da pintura ainda não foi concluída.

A reportagem da CBN Curitiba também entrou em contato com o arquiteto Abraão Assad, autor do projeto de reciclagem do Teatro do Paiol em 1971. Na época ele foi contratado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) para cuidar da obra que garantiria a preservação do prédio. Dessa vez ele disse que não foi chamado para participar do processo e contesta a pintura feita.

O arquiteto conta que na semana passada ele participou de uma live com professores e alunos da UTFPR, uma espécie de estudo de caso do restauro do Teatro do Paiol. Ele diz que somente neste dia é que soube que o teatro passava por uma reforma. Foi até as obras verificar o que estava sendo feito. Conversou com a Prefeitura de Curitiba para entender o projeto e afirma que a reforma é desastrosa.

A Prefeitura de Curitiba disse ainda que o arquiteto Abrão Assad está colaborando com a comissão responsável para se chegar ao efeito de cor de aspecto antigo que costuma caracterizar o imóvel. Mas, o arquiteto afirma que vai ser preciso muito trabalho para chegar ao que era o Paiol de antes.

A Prefeitura diz ainda que as obras no Teatro do Paiol acontecem para aumentar a durabilidade e melhorar as condições de uso do imóvel que estava com processo de degradação das paredes, graves infiltrações, com risco inclusive de colapso de toda a estrutura. A obra garante o uso do Teatro do Paiol, com segurança, por pelo menos mais 50 anos, segundo o executivo.