A Operação Poyais, deflagrada na manhã desta quinta-feira (6) pela Polícia Federal, investiga organização criminosa por prática de crimes contra economia popular, sistema financeiro, além de estelionato e lavagem internacional de dinheiro.

Com o apoio de servidores da Receita Federal, aproximadamente 100 policiais federais, cumpriram 20 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba.

Os mandados foram cumpridos em quatro estados. No Paraná, ficaram concentrados em Curitiba e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana. Em Santa Catarina, foram cumpridos mandados na cidade de Governador Celso Ramos. A operação também foi realizada nos municípios de Barueri e São José do Rio Preto, em São Paulo, além de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

No exterior, as investigações foram iniciadas em 2016 e, no Brasil, começaram este ano. A polícia americana mirava uma empresa internacional, que atuava nos Estados Unidos, assim como o principal gerenciador, o brasileiro Francisley Valdevino da Silva, residente em Curitiba, investigados pela Força Tarefa de El Dorado, da agência norte-americana de Nova Iorque, como explica o delegado da Polícia Federal, Filipe Hille Pace.

Inicialmente a investigação revelou que o brasileiro possuía mais de 100 empresas abertas no Brasil, por meio de um grupo empresarial, que enganou muitas pessoas no Brasil e no exterior.

Foi constatado que o investigado aplicou golpes em milhares de vítimas que acreditavam nos serviços prometidos, entre os quais consistiam no aluguel de criptoativos, com pagamento de remunerações mensais que poderiam alcançar até 20% do capital investido.

Também foi confirmado que a mesma organização criminosa, com parceiros no exterior, aplicava golpes semelhantes, além da atuação no Brasil e nos Estados Unidos, em mais de 10 países.

Ao longo da investigação, ficou evidente que Francisley Valdevino da Silva criou uma organização criminosa, inclusive com muitos membros da própria família, que também eram funcionários de suas empresas. Eles se apropriavam dos valores investidos pelas vítimas da fraude, tanto em reais como em criptomoedas.

De acordo com as investigações, enquanto parte dos recursos dos clientes era usado para pagamentos das remunerações mensais, o restante era usado pelo investigado e pela organização criminosa para a compra de imóveis de alto padrão, carros de luxo, embarcações, roupas de grife, joias e viagens.

Após um determinado período, a organização passou a atrasar e logo deixou de fazer os pagamentos mensais contratados pelos clientes. Da mesma forma, bloqueou os pedidos de saques.

Segundo a Polícia Federal, a movimentação pode chegar a 4 bilhões de reais no Brasil.

A justiça também decretou o sequestro de imóveis e bloqueio de valores na tentativa de ressarcir as vítimas.

O nome da Operação Poyais faz referência a uma grande fraude cometida na Inglaterra, no século XIX, por um soldado escocês que enriqueceu vendendo títulos, por meio de uma campanha publicitária, de um país que nunca existiu no mundo real.