Começou a temporada do pinhão. Desde o início desta semana, dia 1º de abril, está liberada a colheita e a venda do pinhão. A semente da araucária, que é a parte comestível da pinha, é esperada com muita expectativa pelos paranaenses, já que é um alimento muito popular na região Sul, além de ser um dos símbolos do estado.

O pinhão é o protagonista em diversas receitas e também faz parte dos festejos juninos.

A comerciante, Rose Santos, disse que está animada com o início da venda do pinhão.

Os consumidores também estavam ansiosos para a abertura da temporada da semente e as formas de preparo são bem variadas.

De acordo com o Instituto Água e Terra (IAT), órgão fiscalizador, a liberação a partir do dia 1º de abril só é válida para pinhões que já tenham atingido o período completo de maturação, que não é um processo rápido. O tempo de formação de uma pinha é de 2 a 3 anos. Esse cuidado é essencial para preservar a espécie e também garantir a saúde dos consumidores. Quem descumprir a determinação pode ser multado. A punição, em caso de infração à regra, é de R$ 300 a cada 50 quilos de alimento apreendido, além da responsabilização por crime ambiental.

Também é importante ressaltar que das 19 espécies de araucárias, apenas três dão pinhão.

O pinhão é um produto importante para a economia do Paraná, tanto que, em 2022, movimentou mais de R$ 20 milhões, de acordo com a edição mais recente do Valor Bruto de Produção (VBP). Os dados foram apresentados pelo Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Em 2022, a produção foi de mais de 4 mil toneladas, de acordo com a Pesquisa de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais da metade da safra ficou concentrada nos municípios da região Centro-Sul do Paraná, com aproximadamente 2,6 mil toneladas colhidas. A maior produção no estado foi registrada em Inácio Martins, com 700 toneladas colhidas em 2022, seguida por Pinhão, com 556 toneladas, e Turvo com 271 toneladas.

Além do Centro-Sul, as regiões Central, Sul e Sudoeste também concentram grandes volumes de produção da semente no Paraná. Conforme a Seab, por ser um produto extrativista, não há previsão do volume que será colhido este ano.

As normas e instruções de comercialização são estabelecidas em uma portaria do Instituto Água e Terra de 2015, como explicou a coordenadora e analista do Setor de Licenciamento Florestal do Instituto Água e Terra (IAT), Daniela Ferreira Castelar de Araújo.

O objetivo do controle e da restrição é adequar a geração de renda e proteger a existência da araucária, árvore ameaçada de extinção. Segundo o IAT, o momento em que o pinhão cai no chão, é uma oportunidade para alguns animais, como a cutia, ajudarem a semear o fruto em outros lugares e assim garantir a reprodução da araucária.

Outra orientação do órgão ocorre em relação ao consumo, já que as pinhas imaturas apresentam casca esbranquiçada e alto teor de umidade, o que favorece a presença de fungos e pode tornar o alimento até mesmo tóxico. Se ingerido nessas condições, pode prejudicar a saúde com problemas como a má digestão, náuseas e episódios de constipação intestinal.

O IAT destacou que é proibida a venda de pinhões trazidos de outros estados.

A fiscalização é feita pelos agentes do IAT e o Batalhão de Polícia Ambiental, a Força Verde (BPAmb-FV). Caso comprovada qualquer irregularidade, é instaurado um processo para que seja lavrado o auto de infração ambiental.

As denúncias podem ser encaminhadas à ouvidoria do IAT, aos escritórios regionais do órgão ambiental, por meio dos telefones (41) 3213-3466, (41) 3213-3873 ou 0800-643-0304 e, ainda, à Polícia Ambiental (41) 3299-1350 ou 181.