O Paraná é o 2º estado do país com o maior número de acidentes nas rodovias federais envolvendo caminhões. Foram registradas mais de 1,5 mil ocorrências de janeiro a setembro deste ano. Três em cada quatro ocorrências tiveram o envolvimento de vítimas. O levantamento foi feito pela reportagem da CBN Curitiba com base no Painel da Confederação Nacional do Transporte que reúne dados da Polícia Rodoviária Federal.

Metade de todos os acidentes envolvendo caminhões ocorreu na BR-277 e BR-376, que tiveram 412 e 408 ocorrências, respectivamente. Com o fim das concessões do pedágio no Paraná aumentou a preocupação sobre a possibilidade de um acréscimo nos dados, mas o monitoramento mostra uma constante.

Os números do painel de anos anteriores trazem uma condição histórica: com ou sem pedágio o cenário é o mesmo. O número de acidentes e mortes segue a média e o Paraná mantém a colocação de ser o segundo maior em ocorrências com caminhões. Em 2021, por exemplo, entre janeiro e setembro, foram registrados mais de 1,5 mil acidentes, com 1,1 mil vítimas.

Mas, a percepção dos usuários é de um número maior, já que nos últimos meses a permanência de veículos acidentados na pista, por um longo período, se tornou frequente. O que fazer para mudar essa realidade?

Para o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), Sérgio Luiz Malucelli, há preocupação sobre a demora nos atendimentos nas rodovias, em especial na BR-277, principal via de acesso ao Porto de Paranaguá. Os prejuízos aumentam a cada minuto.

Segundo o levantamento, a principal causa de acidentes com vítimas, nas rodovias federais que cortam o estado, foi a reação tardia ou ineficiente do condutor. Das mais de 1,1 mil ocorrências, 213 foram por este motivo.

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De acordo com Maciel Junior, da Polícia Rodoviária Federal, apesar das irregularidades das pistas das rodovias, como buracos e falta de sinalização, o fator determinante para a ocorrência de acidentes é a má conduta dos motoristas.

Ele chama atenção para o cuidado também com a parte mecânica dos caminhões. É preciso revisão constante.

Nas rodovias estaduais que cortam o Paraná, o número de acidentes envolvendo todos os tipos de veículos apresentou uma redução de 27% entre 2019 e 2022. Para este ano é prevista a mesma média. Até outubro já tinham sido registrados 5,4 mil ocorrências.

Alexandre Castro, assessor do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), afirma ainda que há redução nas mortes. Em 2021 foram registradas 740 mortes. Neste ano já foram contabilizadas 577. A justificativa é a intensificação dos trabalhos, com reforço no efetivo voluntário e fiscalização.

No caso específico dos caminhoneiros, o assessor do DER/PR fala sobre a relação do excesso de carga X aumento de acidentes.

O debate sobre a segurança nas rodovias é constante. A alta temporada deve fazer a circulação de veículos aumentar nas estradas. Fica também a expectativa sobre o início da nova concessão do pedágio no Paraná.

Recentemente a empresa que arrematou o lote 1 do pedágio no estado pediu adiamento da assinatura do contrato. A formalização deve acontecer apenas em janeiro de 2024. Até lá, o governo do Paraná informou que segue prestando serviço de guincho mecânico leve e pesado e de operação de tráfego rodoviário nas rodovias do antigo Anel de Integração.