Cerca de 30 policiais federais cumpriram 23 mandados, na manhã desta quinta-feira (9), nas cidades de Curitiba e Rio de Janeiro, para investigar pessoas suspeitas de envolvimento em crimes de lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas e associação criminosa. A operação Serendipitia resulta do desdobramento de outra ação realizada pela Polícia Federal há quase três anos e envolve contrato público com a Portos do Paraná.

Entre as ordens judiciais expedidas pela 14ª Vara Federal de Curitiba estão dez mandados de busca e apreensão e 13 de sequestro de bens. A Justiça Federal também determinou o bloqueio de contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados.

As investigações começaram em 2021, a partir de provas descobertas durante a Operação Daemon, que desmontou um complexo esquema de pirâmide financeira no mercado de criptomoedas. Entre os crimes apurados na época, estavam também fraudes praticadas em processo de recuperação judicial das empresas do grupo investigado, tendo sido identificada a manutenção de contabilidade paralela com o auxílio de um empresário curitibano com atuação em negócios portuários no Paraná.

Segundo as investigações, durante o interrogatório, o alvo do mandado de busca e apreensão, em 2021, apresentou provas da existência de um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O esquema beneficiou uma pessoa que ocupava a função de superintendente da empresa estatal responsável pela administração dos Portos do Paraná, de 2003 a 2008. A análise dos itens apreendidos durante a Operação Daemon confirmou as suspeitas e após autorização judicial para uso das provas foi instaurado um novo inquérito policial.

O nome do ex-superintendente não foi oficialmente divulgado pela Polícia Federal.

A apuração detalhada revelou que o empresário teria recebido e direcionado para um banco austríaco mais de R$ 5 milhões, entre 2009 e 2017. Conforme a Polícia Federal, o valor era do ex-agente público. Após esse período, o dinheiro foi transferido, com o consentimento do proprietário legítimo, para o empresário condenado na Operação Daemon, que se apropriou indevidamente dos recursos. Sob ameaças e pressões, o empresário realizou diversas transações financeiras fraudulentas para devolver o dinheiro ao ex-superintendente, como explicou o delegado da Polícia Federal, Filipe Hille Pace.

De acordo com a Polícia Federal, a motivação dos pagamentos foi descoberta com o aprofundamento da investigação, por meio de medidas de cooperação jurídica internacional com os Estados Unidos e com a Áustria, que chegou a um contrato milionário firmado com a Portos do Paraná em 2008. Naquela época, a empresa se chamava APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) uma autarquia do governo do estado.

A cooperação com as autoridades americanas apontou outras transações, como explicou o delegado.

Em nota, a atual gestão da Portos do Paraná informou que a investigação se refere a contratos públicos do período de 2003 a 2008, os quais estão todos encerrados.