Em 1989, portanto há 35 anos, o mundo tomou conhecimento do Consenso de Washington, um plano em defesa da liberdade de comércio entre as nações, diminuição das alíquotas de importação e ampliação da globalização econômica.

Confira a coluna Economia & Finanças desta segunda-feira (12):

Os Estados Unidos assumiram a liderança desse plano e começaram a cobrar dos países a implementação das políticas liberalizantes, sob o argumento de que iriam melhorar a economia mundial, reduzir a pobreza e aumentar o padrão médio de bem-estar social.

Naquele ano, Fernando Collor de Melo foi eleito presidente da República e assumiu em março de 1990 com o discurso de privatização, desregulamentação, liberalização do mercado e abertura da economia brasileira ao exterior.

O Consenso de Washington ganhou projeção e aplicação em vários países, com apoio de governos de correntes políticas opostas. O liberalismo econômico aumentou, mas teve seus freios e retrocessos.

Um exemplo: Barack Hussein Obama, eleito presidente dos Estados Unidos em 2008, anunciou um programa para dobrar as exportações do agronegócio em cinco anos e, para isso, seu governo adotaria medidas protecionistas a favor dos produtores de seu país, inclusive subsídios, portanto, na contramão do Consenso de Washington.

Além dos Estados Unidos, desde o Consenso de Washington, outros países, entre eles o Japão e países europeus, seguiram dando subsídios e praticando medidas protecionistas no agronegócio, contra as diretrizes do Consenso de Washington.

Nesse quadro, há um problema: o liberalismo no comércio exterior funciona para um país desde que os demais países pratiquem as mesmas regras e as mesmas políticas.

Não faz sentido o Brasil expor os produtores nacionais à competição internacional com países que dão subsídios e medidas protecionistas a seus produtores. Se alguns países praticam o liberalismo comercial e outros não, a concorrência se torna desigual.

Se o governo Lula se guiar por ódio ao agronegócio, como ele já manifestou, o governo irá contra o crescimento econômico e colherá mais pobreza e, pasmem, menos impostos. Pense nisso.

José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.