O músico Odivaldo Carlos da Silva, conhecido como Neno, vítima de racismo em um caso de agressão em novembro do ano passado, no crime que chamou a atenção de autoridades no Paraná, foi convidado para participar de uma campanha realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), pelo Museu do Holocausto de Curitiba e pela Confederação Israelita do Brasil (Conib).

O projeto, que ganhou o nome “Contar para Viver, Viver para Contar”, será lançado na próxima sexta-feira (27), data em que se celebra o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto. O vídeo contará com a participação de pessoas vítimas de crimes contra etnia e irá destacar a importância de respeitar as pessoas, independente de suas características ou nacionalidade.

No vídeo, sobreviventes do genocídio nazista e vítimas de violência e intolerância nos dias atuais irão apresentar depoimentos sobre os crimes pelos quais foram vítimas. O objetivo é combater qualquer ação que possa ofender a dignidade do ser humano. O vídeo poderá contar com relatos de pessoas que queiram participar.

Em novembro, o músico caminhava por uma rua no centro de Curitiba, quando foi agredido verbalmente e fisicamente por um homem que passava pelo local. Neno foi machucado no rosto e nas costas e testemunhas que passavam pelo local o socorreram. Paulo Cezar Bezerra da Silva, o agressor identificado, foi preso pela Polícia Civil dias depois.

Para o músico, a oportunidade de participar do vídeo é algo muito importante. Ele destacou a necessidade de se transmitir uma mensagem contra a intolerância na sociedade. Para ele, é preciso que a maneira de pensar mude em boa parte das pessoas.

Neno lembrou ainda que visualiza que movimento possibilite uma mudança de postura por parte das pessoas e das autoridades, diante do aumento nos registros de casos de racismo não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

A esposa de Neno, Lucimara Aparecida de Almeida, considerou que a participação dele em uma campanha como a idealizada pelos órgãos terá uma importância muito grande após o caso de racismo sofrido por ele.

Ela destacou ainda que é preciso que iniciativas do tipo aconteçam para evitar a diminuição na quantidade de denúncias. Para ela, as vítimas de racismo precisam se sentir engajadas a denunciar quando sofrerem crimes do tipo.