Treze mulheres, dez crianças e dois homens estão acampados desde sexta-feira no pátio do Palácio das Araucárias, sede da Secretaria de Justiça do Paraná. O grupo vive na Reserva Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, a 328 km de Curitiba, e todo fim de ano vem a Curitiba vender os artesanatos que a aldeia produz.

Fechada há quase dois anos, a Casa de Passagem abrigava pessoas que vêm de aldeias no interior do Paraná e de Santa Catarina para vender artesanatos pelas ruas e feiras de Curitiba. O local era administrado pela Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS).

A coordenadora do acampamento é Jovina Donato de Oliveira, a Renh-ga, líder da Kakané-Porã, aldeia no Campo do Santana que organiza o grupo. Ela explica que as pessoas pedem pela reabertura da Casa de Passagem e que tiveram uma reunião com o Secretário de Justiça, Ney Leprevost, na sexta-feira à tarde, e receberam a promessa de que terão um lugar para ficar.

Jovina conta que não receberam ainda nenhuma visita de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), nem do Ministério Público, e que aguarda ajuda destes órgãos.

Por meio de nota a Prefeitura de Curitiba informou que em março de 2020, a Casa de Passagem Indígena (Capai) foi fechada por orientação da Secretaria Municipal da Saúde, em função da contaminação do novo coronavírus no município.

A Fundação de Ação Social (FAS) afirma que apoiou o grupo indígena que lá estava – formado por 65 pessoas – a retornar para suas aldeias de origem, com o fornecimento de passagens rodoviárias, por meio da Casa da Acolhida e do Regresso (CAR).

Durante o momento mais crítico da pandemia, o espaço foi utilizado para acolher pessoas em situação de rua. Desde então, a FAS afirma que nunca deixou de atender a demanda por acolhimento da população que necessita, incluindo o seguimento indígena. A Fundação destaca que há cinco locais disponíveis na cidade para atender a demanda da população indígena que necessita de acolhimento, dentre os serviços já existentes.

Já a Secretaria de Justiça, Família e Trabalho comunicou, também por meio de nota que é solidária as causas dos povos indígenas e se colocou à disposição para cooperar para que seja buscado um consenso que beneficie a população.