Na abertura da Mostra Yanomami, de Claudia Andujar, na noite desta quarta-feira (14/6), no Museu Municipal de Arte (MuMA), o prefeito Rafael Greca destacou a atualidade da temática indígena abordada nos retratos produzidos pela fotógrafa no extremo Norte da Amazônia.
A exposição no espaço da Prefeitura de Curitiba, no bairro Portão, apresenta uma série de 80 fotografias que a fotógrafa suíça naturalizada brasileira produziu durante expedições à Amazônia nos anos 1970 e 1980 e mostram o cotidiano, os costumes e tradições da comunidade indígena yanomami.
Os Yanomami são um dos maiores povos indígenas da Amazônia que conservam seu modo de vida tradicional. Ocupam há mil anos uma área de 230 mil km² de floresta tropical densa entre o Brasil e a Venezuela. Atualmente, 26,9 mil yanomamis vivem em território brasileiro. Os primeiros contatos com sociedades não indígenas foram a partir de 1910. A partir de 1970, o garimpo passa a ocupar as áreas ocupadas por esse povo originário.
A mostra, organizada pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), faz parte das ações da Prefeitura em homenagem ao Mês do Meio Ambiente e fica em cartaz até 1º de setembro, com entrada gratuita, de terça a sexta-feira, das 10h às 19h.
A exposição
Para a exposição, que celebra o povo yanomami e uma das fotógrafas mais renomadas da atualidade, as fotos em preto e branco foram reproduzidas em grande escala.
As imagens pertencem ao acervo do Museu da Fotografia Cidade de Curitiba. Foram adquiridas pelo município em 1998, quando a fotógrafa participou da 2ª Bienal Internacional de Fotografia, promovida pela FCC, presidida na época pela primeira-dama Margarita Sansone.
As imagens retratam três grandes temas: a vida comunitária, a vida na floresta e os rituais. Com uma estética apurada, desenvolvida no processo analógico, Claudia Andujar convida o público a sentir e compreender a alma yanomami.
Um grupo de estudantes do 1º e 2º anos do Ensino Médio do Colégio Estadual Pedro Macedo, próximo ao MuMA, também prestigiou a mostra na noite de sua abertura.
“Sempre passamos aqui no Museu após a aula para ver se tem alguma atividade nova. Ontem [segunda-feira] vimos que estava sendo montada essa exposição e hoje viemos ver o resultado. É importante mostrar a vida dos povos indígenas da gente porque ajuda a combater preconceitos”, disse a estudante Natasha Marques Laudites, 15 anos.
A presidente da FCC, Ana Cristina de Castro, também participou da abertura da exposição.
Fotógrafa e ativista
Nascida na Suíça e naturalizada brasileira, Claudia Andujar foi repórter fotográfica de publicações brasileiras e estrangeiras. Foi durante uma reportagem sobre a Amazônia para a revista Realidade que teve contato com os yanomami pela primeira vez.
De 1972 a 1976 permaneceu longos períodos de convivência com os indígenas, até que, com outros antropólogos, foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional e forçada a deixar a terra yanomami. Ela retornou em 1978, desta vez para dar início a uma forte campanha pela demarcação de terras indígenas e registrar os efeitos da invasão de garimpeiros.
Aos 92 anos, completados na última segunda-feira (12/6), Claudia Andujar contabiliza um acervo de mais de 40 mil imagens feitas ao longo de sua carreira, a partir de 1955.
Contudo, quando assumiu a coordenação da campanha pela demarcação da terra indígena, seu ativismo político passou a tomar mais tempo que seu trabalho fotográfico. Nesses anos mobilizou instituições e ONGs, atuou em programas de saúde e educação, realizou viagens pelo mundo para angariar recursos para a causa e denunciar o genocídio contra povos indígenas.
A demarcação da reserva yanomami aconteceu em 1992, às vésperas da Rio-92, conferência da ONU sobre o clima realizada naquele ano no Brasil.
Serviço: Mostra Yanomami, de Claudia Andujar
Local: Museu Municipal de Arte – MuMA – Portão Cultural (Avenida República Argentina, 3.430 – Portão)
Até 1º de setembro – De terça a sexta-feira, das 10h às 19h
Redação com Assessoria