Morreu neste domingo (3), aos 93 anos, em Curitiba, o radialista e escritor Ubiratan Lustosa (na foto, é o que está com o microfone à esquerda), nome muito identificado com a mais antiga emissora do estado, a Rádio Clube Paranaense, fundada em 1924, da qual foi locutor, apresentador, redator e diretor entre os anos 1950 e 1990. Ele estava em casa quando faleceu.

Lustosa, que começou como locutor em serviços de alto-falante e iniciou como radialista na Rádio Marumby, em 1947, também na capital paranaense, viveu a fase em que a Clube mantinha programas de auditório, radionovelas e conjuntos musicais, o que aconteceu em Curitiba até os anos 1960, quando a televisão chegou ao Paraná. Depois de criar várias atrações, incluindo um “teatro de terror” nas noites de sexta-feira, o diretor da Clube se destacou com um espaço diário de crônicas, o Nosso Encontro com Ubiratan Lustosa, com textos lidos por pelo locutor José Maria Pizarro.

O talento de Lustosa não foi aplaudido apenas no Paraná. Uma de suas poesias, Curitiba, Cidade Sorriso, foi musicada pelo maestro Radamés Gnatalli, da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, em 1961. Lustosa só soube que Gnatalli havia feito a melodia quando a música foi interpretada por Nuno Roland na poderosa emissora carioca. Ele tomou como um presente a surpresa feita pelo cantor e amigo. O último período de Ubiratan Lustosa no microfone foi pela Rádio Paraná Educativa, na década passada, quando produziu e apresentou um programa de músicas dos anos 1940 e 1950.

Ubiratan Lustosa deixa esposa, duas filhas e um grande legado literário, incluindo livros de crônicas (Raia, Setra e Sapecada e Outras Narrativas Curitibanas), poesias (Trilogia do Amor no Parque e Outras Poesias) e de histórias que viveu nos microfones e nos bastidores (O Rádio do Paraná – Fragmentos de Sua História).

O velório do radialista acontece na Capela Mortuária da Luz (avenida Desembargador Hugo Simas, s/n – São Francisco), de onde o corpo será levado para cremação no Cemitério Jardim da Saudade, em Pinhais, às 17h deste domingo.

Aqui, um trecho do poema Querente:

“Quero fazer poesia à moda antiga,
métrica, rima, amor e nostalgia,
o encanto perenal de uma cantiga
num misto de tristeza e de alegria”.