A produção de milho e feijão pode ser prejudicada por conta da temperatura acima da média no Paraná. Nos últimos dias, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou alerta sobre o aumento do calor em algumas regiões do estado, em especial no Noroeste e Norte, onde há intensa produção agropecuária.

Segundo o chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab-PR), Marcelo Garrido Moreira, as duas culturas de grãos podem ser as mais afetadas, causando, inclusive, uma escalada nos preços ao consumidor.

No caso do milho, o fato de a cultura já estar quase toda plantada e por estar em uma época na qual há necessidade de chuva, a falta de precipitação e o calor excessivo podem diminuir a produtividade. Porém, ainda é preciso aguardar a colheita para saber o quanto isso poderá afetar.

O responsável pelo departamento aponta que o milho é uma das principais culturas do estado do Paraná. Marcelo conta que ela é a base de outras atividades, como a suinocultura, além da própria alimentação humana. O especialista indica como as condições climáticas adversas prejudicam a plantação.

A Seab-PR conta com núcleos nas 22 regiões do estado. Em cada uma delas, o Deral tem, pelo menos, um técnico para realizar o acompanhamento das condições das lavouras, orientando produtores e cooperativas. As equipes atuam diretamente nos locais para auxiliar na produtividade.

O responsável pelo departamento indicou que a alta nas temperaturas pode causar o reajuste nos preços para o consumidor. Outros setores agrícolas também podem ser afetados por conta do calor fora de época. Marcelo aponta como isso pode acontecer.

As altas temperaturas registradas no Paraná podem gerar, além do desconforto na população, prejuízos para os recursos naturais. O geógrafo e professor de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter, Otacílio Lopes de Souza da Paz, aponta que a causa do calor tem relação com as mudanças climáticas.

O especialista indica ainda que o calor pode afetar a pecuária, por conta da piora no bem-estar dos animais, prejudicando a produção de carne e leite. Além disso, a pscicultura pode ser danificada, porque o calor tende a reduzir a oxigenação da água. Otacílio alerta para os problemas causados pela elevação da temperatura.

Não há uma projeção sobre o quanto o valor do milho e do feijão pode aumentar. O Paraná é o maior produtor de feijão do Brasil, responsável por cerca de 30% da participação nacional. A estimativa, para este ano, é de que sejam colhidas 947 mil toneladas. Já no caso do milho, o estado é o segundo maior produtor do país, com cerca de 5,4 milhões de hectares plantados.