A Ocupação Tiradentes 2, que fica na região da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), em um terreno às margens de um aterro sanitário e próximo da estação de tratamento de Água do Passaúna, da Sanepar, está na iminência de sofrer uma ordem de reintegração de posse. A medida foi interpelada pela empresa Essencis Soluções Ambientais SA, pertencente ao grupo Solví, que atua em 250 cidades brasileiras com a manutenção de aterros sanitários. O Movimento Popular por Moradia (MPM) busca impedir que o despejo ocorra no período do Natal.
A disputa do terreno ocupado começou em 2021, quando 64 famílias se instalaram no local. Chrysantho Figueiredo, militante do Movimento Popular por Moradia (MPM) acompanha o caso desde o começo e afirma que a comunidade é formada por pessoas com subempregos e que vivem em condições de pobreza.
No documento de reintegração de posse, a empresa justifica que fez um pedido para desocupação voluntária e que o prazo se encerrou sem que houvesse movimentação das famílias. A Essencis afirma ser proprietária do terreno ocupado e pontua também que há risco para as famílias por se tratar de um terreno próximo ao aterro sanitário.
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Figueiredo explica que há a expectativa pela permanência no local ou até mesmo a execução de um plano para a destinação de um espaço em que as famílias possam efetivamente morar.
A ocupação foi alvo de debates tanto na Câmara dos Vereadores de Curitiba, quanto na Assembleia Legislativa. Deputados e vereadores cobraram o governo para que seja feito um plano de realocação das famílias. Mas até o momento não há informações sobre a criação do procedimento.
Apesar disso, as reuniões provocaram a manifestação do presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen, que no dia 12 de dezembro afirmou que o Tribunal tem uma sensibilidade grande com a questão fundiária e que este não é o momento de ações violentas de reintegração de posse, justamente em função de datas como o Natal. “Temos que resolver os conflitos com respeito à dignidade humana e não podem ser resolvidos na base da violência”, pontuou.
Julian de Paul, mora na ocupação Tiradentes I e é coordenador do MPM, e revela que há uma ação para impedir que a desocupação ocorra próximo ao dia de Natal.
A CBN Curitiba aguarda um posicionamento da prefeitura sobre a criação do plano de realocação e tenta contato com a empresa Essencis e seus advogados.