A CAIXA Cultural Curitiba chega ao último fim de semana dedicado ao teatro contemporâneo pernambucano com o Grupo Magiluth, que desde a semana passada vem lotando a pequena sala da Rua Conselheiro Laurindo com seus estudos cênicos inspirados em grandes vozes da poesia do Nordeste. O espetáculo “Miró: Estudo Nº 2” entrou em cartaz ontem e segue até domingo, enquanto “Estudo Nº 1: Morte e Vida” encerrou sua temporada no último fim de semana. Para compreender o processo criativo e a ligação entre as obras, Grasiani Jacomini e Airton Baptista Junior conversaram com Erivaldo Oliveira, ator e produtor do Magiluth.

Curitiba como território de reencontro

O grupo, que celebra 21 anos de trajetória, tem uma relação longa com Curitiba. Erivaldo relembra que a capital foi uma das cidades que mais recebeu diferentes trabalhos do Magiluth ao longo das últimas duas décadas. Essa presença constante acabou criando um público que acompanha o coletivo de perto e reconhece sua linguagem. Para o ator, voltar com os dois estudos é quase como trazer duas peças que conversam entre si.

João Cabral e Miró: poesia que atravessa gerações

O primeiro estudo parte da obra de João Cabral de Melo Neto para discutir temas como migração, precarização do trabalho, coronelismo e crise climática. Erivaldo explica que a figura do Severino não é apenas um personagem histórico. Para ele, todos somos severinos quando nos deslocamos, voluntária ou involuntariamente, seja em busca de sobrevivência, trabalho ou dignidade. Estar em movimento é ser severino.

O segundo estudo mergulha na poesia e na vida de Miró da Muribeca, poeta preto, periférico e múltiplo, que transformou o cotidiano em manifesto. Miró escrevia à mão, distribuía poesia em folhas mimeografadas e colava versos pelas paredes do Recife Antigo. Era presença viva da performance: explosivo, delicado, crítico e atravessado pelas dores sociais da cidade.

Erivaldo lembra dos encontros com o poeta, das poesias deixadas na porta da sede do Magiluth e da emoção de Miró ao ver seus textos interpretados por outras vozes. É uma figura que representa, segundo o ator, a força de um corpo periférico que ocupa o centro com poesia e denúncia. Sua obra atravessou ruas, estados e fronteiras, rompendo limites geográficos e editoriais.

Confira a entrevista na íntegra:

Serviço:

“Miró: Estudo Nº 2” – Grupo Magiluth
Local: CAIXA Cultural Curitiba – Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro
Data: Até 23 de novembro de 2025
Horário: Sexta a sábado, às 20h e, aos domingos, às 19h.
Entrada: R$15 (meia-entrada e cliente CAIXA) e R$30 (inteira) – início das vendas dia 08 de novembro às 10h na bilheteria presencial e às 15h no site Bilheteria Digital.
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 125 lugares (2 para cadeirantes)
Acesso para pessoas com deficiência
Sessão com acessibilidade e bate-papo: 21 de novembro (sexta-feira), às 20h