A tarde de julgamento dos acusados de matar Ana Paula Campestrini é marcado pelo depoimento de testemunhas que confirmaram que Wagner Cardeal, apontado como mandante do crime, havia feito ameaças contra a vítima. A defesa nega.

Parte da testemunha de acusação, uma ex-funcionaria que trabalhou mais de 10 anos na casa do então casal Wagner e Ana Paula Campestrini, foi a primeira pessoa ouvida na tarde.

Ela confirmou que as desavenças do casal iniciaram no período do divórcio, quando Ana tinha a intenção de viver com uma mulher. Segundo ela, as crianças do casal relatavam as brigas, mas foi quando Wagner se casou com outra mulher que ele teria tomado uma postura mais possessiva e afastado os filhos de Ana.

A testemunha também relatou que ouviu de Ana que Wagner teria feito ameaças. Ela também confirmou que Ana teria dito que se algo acontecesse com ela era para avisar os filhos de que ela não havia desistido deles.

Outra testemunha da tarde ouvida foi uma amiga da vítima, que chegou a acolher Ana Campestrini em sua casa durante um período.

A sobrinha de Ana Paula, Vitória Campestrini, acompanhou o julgamento e confirmou que o acusado teria afastado o restante da família de qualquer proximidade com a vítima.

A terceira testemunha a falar durante a tarde teve um relacionamento com a vítima após o divórcio. Ela falou sobre a dificuldade de Ana em contatar os filhos.

O julgamento segue neste início de noite de quinta-feira. Até as 19h30 o júri ouvia uma das filha do casal, indicada pela defesa do acusado.

Ana Paula Campestrini foi morta dentro do carro quando chegava em casa, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, em 22 de junho de 2021.

Conforme o Ministério Público (MPPR), Wagner Oganauskas teria feito um pagamento de, pelo menos, R$ 38 mil a Marcos Ramon para cometer o crime.

Ainda de acordo com o Ministério Público, os dois respondem por homicídio doloso qualificado pelo crime ter sido cometido mediante pagamento de recompensa, impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio.

O Ministério Público do Paraná também sustenta que o responsável pela morte da ex-esposa se enquadra como um caso de lesbofobia. Segundo a ação, o denunciado não teria aceitado o novo relacionamento mantido pela vítima, com uma mulher. A vítima deixou três filhos, que na época tinham 9, 11 e 16 anos.

A denúncia, proposta pela Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos contra a Vida, tem como base as investigações conduzidas pela Polícia Civil, concluiu que o réu contratou uma pessoa para matar a ex-esposa.

Ao todo, foram denunciados o ex-marido, o agressor contratado e um terceiro elemento que, a pedido do responsável pelos tiros, que teria apagado do celular conversas mantidas com o mandante do homicídio para induzir os peritos e autoridades judiciais a erro.

No julgamento que começou nesta quinta-feira passam pelo júri os dois primeiros réus. O último deve ser julgado em outra sessão, pois aguarda decisão do Superior Tribunal de Justiça no processo.

Em nota, a defesa Wagner Cardeal Oganauskas informou que:

A defesa de Wagner Cardeal Oganauskas, desde o inquérito policial e ao longo de toda a instrução processual, sustenta a inocência de Wagner com base nos elementos constantes do processo.

A acusação contra Wagner se baseia em narrativas forçadas e elementos circunstanciais, incapazes de sustentar uma condenação dentro de nosso direito processual”.