O Ibama concedeu autorização para que o governo do Paraná dê prosseguimento às obras da represa do Miringuava, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A medida autoriza a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) a suprimir 351 hectares de vegetação de Mata Atlântica.

No entanto, o instituto exigiu que haja a compensação ambiental de 424 hectares, que deverão ser reflorestados. Ao longo de duas décadas, o projeto de criação do reservatório encontrou diversos impasses que atrasaram o andamento das obras. Um dos dilemas é o efeito que a iniciativa terá no meio ambiente.

O superintendente do Ibama no Paraná, Ralph Albuquerque, disse que a liberação aconteceu após um intenso estudo. O procedimento teve início há cinco anos e avaliou tanto a questão da crise hídrica que atingiu a Região Metropolitana de Curitiba nos últimos anos quanto os cuidados com a preservação da natureza.

As obras da barragem contam com investimentos que chegam a R$ 200 milhões e deverão ampliar a fornecimento de água em 10%. O reservatório pretende evitar racionamento no abastecimento de água em Curitiba e Região Metropolitana. O anúncio da autorização acontece em um momento no qual o Brasil enfrenta a maior estiagem da história.

O Instituto Água e Terra (IAT) terá menos de duas semanas para entregar para a Sanepar a licença de implementação do procedimento. Na sequência, a companhia responsável pelo reservatório realizará o afugentamento de animais para áreas onde não haverá alagamento.

O IAT é o órgão licenciador e o Ibama era o instituto responsável por liberar a área, por se tratar de um espaço onde há floresta de Mata Atlântica. O diretor de meio ambiente da Sanepar, Julio Gonchorosky, destacou como será realizado o afugentamento dos animais.

Depois, será realizada a entrada da água na área. O novo reservatório tem investimento de R$ 200 milhões e poderá atender cerca de 600 mil pessoas por dia. Dentre os problemas enfrentados na execução da obra, está o excesso de umidade no solo, que dificulta a execução da construção.

A obra já teve prazo de conclusão previsto para 2019 e 2023, mas segue sendo realizada. A Sanepar informou que a barragem poderá ajudar a produção agrícola da região, por conta da vazão regularizada do canal principal que compõe o Rio Miringuava. A perspectiva é que a represa diminua as áreas de alagamento nas cheias.

O geógrafo, doutor em Geografia na linha de planejamento da paisagem, especialista em educação e análise ambiental e professor da Área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter, Otacílio Lopes de Souza da Paz, falou que o novo reservatório é importante, mas que é necessário recompor a área alagada.

A ideia é que o projeto amplie, de maneira considerável, o abastecimento hídrico. Após a conclusão, a represa terá capacidade de armazenar 38 bilhões de litros de água. A quantidade será suficiente para fornecer 2 mil litros de água por segundo para as unidades consumidoras, segundo a Sanepar.