O governo do Paraná oficializou, nesta sexta-feira (11), a demissão do delegado Erik Busetti, condenado, em julho deste ano, a 38 anos de prisão pelo assassinato da esposa e da enteada em 2020, em Curitiba.

A decisão foi publicada em um decreto assinado pelo governador, Ratinho Junior (PSD), pelo chefe da Casa Civil, João Carlos Ortega, e pelo secretário de estado de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira.

Na medida, foi informado que Erik foi submetido a um regular processo administrativo que prosseguiu com os princípios constitucionais, em especial o da ampla defesa e do contraditório.

A demissão levou em consideração o relatório final da comissão processante que, segundo o governo, comprovou a conduta imputada para o servidor. A decisão considerou que ele cometeu transgressões disciplinares.

A decisão pela demissão aconteceu quatro anos após o crime e três meses após a data do júri popular, realizado na capital paranaense. O advogado especialista em direito criminal, Gustavo Scandelari, explicou sobre o prazo.

No início da semana, o Conselho da Polícia Civil havia deliberado pela demissão do delegado por unanimidade. Na decisão, tomada por sete conselheiros, foi apontada que a medida representa o “bem do serviço público”. O advogado disse que Erik pode tentar reverter a decisão.

Erik Busetti matou a tiros, dentro de casa, a esposa, Maritza Guimarães de Souza, que também atuava na Polícia Civil e tinha 41 anos na data do crime, e a enteada, que tinha 16 anos. Uma filha do delegado com a esposa, de 9 anos, estava no imóvel no momento do crime e estaria dormindo durante os assassinatos.

A filha de Erik e Maritza foi deixada na casa de vizinhos antes de o delegado se entregar à polícia. Para os militares, o delegado confessou os assassinatos, mas ficou em silêncio no interrogatório na época. Mesmo assim, câmeras de segurança filmaram a ação.

No julgamento, Erik Busetti afirmou para a juíza que cuidou do caso que a discussão que culminou nos assassinatos começou após ele questionar para a enteada se a mãe dela tinha outro relacionamento. Após o embate verbal, ele agrediu a jovem. O delegado disse que o casal estava separado, com possibilidade de voltar.

Erik pontuou ainda que Maritza estaria o gravando durante a discussão com um celular, exaltada. Depois, quando a esposa o aborda, ele pega a arma e efetua os disparos. Para a magistrada, ele disse não se lembrar da presença da adolescente no momento dos tiros. Na decisão da Justiça, o delegado perdeu a guarda da filha.

Por meio de nota, a defesa de Erik Busetti informou que irá analisar, na íntegra, o teor da decisão do Conselho da Polícia Civil, para tomar as medidas legais adequadas e restabelecer o cargo dele. Os advogados disseram que o crime não tem qualquer relação com o cargo que ele exercia.