Há tempo eu andei publicando artigos sobre “A Decadência do Futebol Brasileiro”. Agora que o Brasil fez péssima campanha na Copa do Mundo 2022 e foi eliminado nas quartas de final, voltei ao tema.

Lembro que, em 2010, 2011, o campeonato brasileiro havia apresentado um final empolgante, provocando elogios de dirigentes e jornalistas, e para mim era tudo ilusão, uma empolgação ingênua.

Afirmo que, se houver um torneio de futebol na Micronésia, o campeão e o vice-campeão serão louvados e aplaudidos, mas não deixarão de ser muito ruins, por uma simples razão: na Micronésia o futebol é medíocre, só há times tecnicamente horríveis.

É o que vem ocorrendo no Brasil e há tempo os times brasileiros se dão mal quando enfrentam equipes de outros países.

No passado, a seleção brasileira dava goleadas nos times sul-americanos, e hoje sofremos para derrotar Bolívia, Colômbia, Equador, equipes que sempre estiveram muito abaixo do Brasil.

Grandes times brasileiros começaram a perder para equipes modestas, como a tal LDU e o Universidad do Chile e o massacre do Barcelona sobre o Santos na final do campeonato mundial no Japão.

Os clubes de futebol sempre estiveram entre as piores instituições em termos de gestão, eficiência e moral. Uma das causas é o protecionismo de que desfrutam por serem associações sem fins lucrativos, não tributadas e sem fiscalização da Receita Federal.

Os clubes cresceram com venda de ingressos, patrocínios, publicidade, direitos de TV, venda de atletas, venda de material, e é estranho seguirem sendo beneficiados com isenções tributárias (a isenção deveria atingir apenas as receitas de mensalidades dos sócios do clube).

.Livres dos tributos e da fiscalização, os clubes atraíram, no passado, contraventores do jogo do bicho, políticos corruptos e dirigentes de atividades ilícitas.

Somente há pouco tempo o futebol começou a atrair empresários e executivos dispostos a tratar esse esporte como um negócio e dirigir os clubes como empresas eficientes e rentáveis.

Muitos jogadores brasileiros são meninos talentosos, pobres e sem estudo que, embora evoluam um pouco, ficam longe de ser o atleta profissional de alta performance que o esporte exige atualmente.

Os técnicos, em geral são ex-jogadores, sem ciência e sem formação teórica. Apesar de ter ganho tantas copas, o Brasil nunca viu um único técnico daqui dirigir qualquer time grande do mundo. São tecnicamente amadores e líderes fracos.

Agora, a coisa ficou estranha. O Brasil virou exportador de jogadores e importar de técnicos estrangeiros. A gestão do futebol mundial evoluiu; mas no Brasil, estagnou.

E por quê? Porque não é uma atividade empresarial e profissional como deveria ser.

O protecionismo sempre gera ineficiência, a exemplo dos produtores de aço nos Estados Unidos, dos arrozeiros no Japão, da indústria automobilística brasileira (até 1990) e de nossa reserva de mercado de informática (de 1974 a 1990).

A soma de protecionismo, dirigente despreparado, muitos deles sem ética, técnico amador e clube não empresarial só podia dar no que deu.

A decadência é notória e a péssima campanha nesta Copa 2022 é o resultado lógico. E não foi só a derrota para a Croácia. O time não jogou nada e fez péssima campanha.

Há alguns dirigentes competentes e honestos. Mas, sozinhos não conseguem muita coisa. Um começo seria transformar, por lei, os clubes em empresas, tributadas, fiscalizadas e submetidas à lei de falências, o que as forçaria a ter administração profissional, focada na eficiência e na rentabilidade.

Amadorismo empresarial não conduz ao sucesso. Quando ministro do esporte, Pelé tentou aprovar lei transformando os clubes em empresas, submetidas a tributação e fiscalização. Não conseguiu.

E aí, seguimos na vocação de desperdiçar oportunidades de progredir, mesmo dispondo de ricos recursos humanos. E o que restou foi: em vez de vender o espetáculo, o país vende o artista. Os meninos talentosos continuarão indo para o exterior… e a seleção continuará perdendo.

Como diz o provérbio chinês: “O plantio é opcional, a colheita é compulsória”. É isso!