A falta de uma avaliação criteriosa das condições meteorológicas da rota e do destino está entre as principais causas do acidente de avião que matou o deputado Bernardo Ribas Carli, em julho de 2018. Além do deputado, o piloto e o copiloto da aeronave também morreram no acidente.

A análise está no relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, o Cenipa, que avaliou que houve uma inadequação nos trabalhos de preparação para o voo.

Segundo o Cenipa, “a inadequada avaliação do contexto comprometeu a identificação e o gerenciamento dos riscos envolvidos na operação aérea, ao ponto de o voo ter prosseguido em condições meteorológicas desfavoráveis”.

Além disso, após o acidente, o Cenipa encontrou cartas de procedimentos de aproximação por instrumentos não oficiais na aeronave. Segundo o relatório, era habitual a utilização desse tipo de procedimento pelos pilotos da região em dias que as condições meteorológicas estivessem desfavoráveis. Mas o Cenipa aponta que isto está fora dos requisitos mínimos para a operação em aeródromos e que isso acarretou em uma operação abaixo dos níveis mínimos aceitáveis de segurança.

O relatório mostra, ainda, que as imagens de satélite do momento do acidente apontavam que havia uma grande área com nebulosidade baixa que afetava a metade leste dos estados do Paraná e de Santa Catarina, o que incluía a região do acidente.

Durante a aproximação para pouso no Aeródromo de União da Vitória, a aeronave ingressou em uma região sob condições meteorológicas de visibilidade restrita, o que o Cenipa entende, que levou o “piloto a perder contato visual com as referências do terreno, acarretando o impacto do avião contra a copa de árvores, e posteriormente, contra o solo”.

A aeronave ficou destruída. Os motores se desprenderam das asas e a cabine e o painel de instrumentos ficaram completamente destruídos. O relatório aponta que não houve anormalidade técnica de equipamentos de comunicação durante o voo e as informações foram transmitidas de maneira clara entre a aeronave e os órgão de controle de tráfego aéreo.

O relatório do Cenipa também indica que não se evidenciaram quaisquer condições de falha ou mau funcionamento de sistemas e/ou de componentes da aeronave que pudessem ter afetado o desempenho ou o controle em voo.

O relatório também aponta que o piloto estava qualificado e possuía experiência nesse tipo de voo. Segundo o Cenipa, os passageiros morreram de politraumatismo, em decorrências do forte impacto contra a vegetação e o solo.

Como recomendação de segurança, o Cenipa alerta no relatório que a investigação serve para alertar pilotos e operadores da aviação civil brasileira sobre a importância da criteriosa avaliação das condições meteorológicas e que o objetivo do trabalho é recomendar o estudo e o estabelecimento de providências de caráter preventivo.