As fortes chuvas que atingiram a região dos Campos Gerais e o litoral paranaense causaram estragos nas rodovias de acesso a cidades como Paranaguá e Ponta Grossa. A BR-277 chegou a ficar pelo menos uma hora interditada, depois que a chuva fez surgir na pista “materiais de área lindeira”, como lama e árvores. A vazão da encosta acabou prejudicando o trânsito no KM 36, em Morretes, nas imagens divulgadas nas redes sócias, é possível ver um mar de lama escorrendo pela rodovia, junto com galhos. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) coordenou a operação para liberação do trânsito cerca de uma hora depois de interditar a rodovia no km 60, na antiga praça de pedágio em São José dos Pinhais.

Já a BR-376, teve vários pontos de alagamento registrados pelo Corpo de Bombeiros, que recebeu mais de 50 chamados nesta quinta-feira (9). Situação que trouxe mais preocupação sobre as rodovias que cortam o estado. Veículos ficaram completamente submersos. Segundo o Simepar, das 16h às 17h30 choveu 7,2 milímetros no município de Ponta Grossa. Em razão da situação, as aulas de escolas municipais foram suspensas nesta sexta-feira (10).

Eduardo Ratton, engenheiro civil, doutor em geotecnia e fundador do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) da UFPR, explica que as principais rodovias do Paraná tiveram suas construções iniciadas há quase um século e que isso significa uma defasagem da estrutura, principalmente com o avanço da tecnologia dos veículos de carga e o aumento do peso deles.

O especialista destaca que é possível considerar as estradas como deficientes de monitoramento permanente. Na BR-376, que continua concessionada, a Arteris Litoral Sul, que administra o trecho do Paraná, afirma que faz o monitoramento constante do solo. Já na BR-277, não há informações sobre esse tipo de prestação de serviços e nem dados indicativos de como funciona este procedimento preventivo.

De acordo com a geóloga e doutora em geotecnia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adriana Ahrendt Talamini, as encostas estão em constante movimentos e exigem esse monitoramento a longo prazo.

No caso da BR-277, onde houve a identificação de um afundamento do asfalto no KM 33, a situação indica um problema geológico grave.

Eduardo Ratton defende que é preciso ter um contrato de manutenção permanente das rodovias.

De acordo com o governo do estado, “a solução de longo prazo para a rodovia, que é a principal ligação ao Litoral, passa pela nova concessão, que depende do aval da União”. O Paraná tem seis lotes de estradas que estão em processo de definição da modelagem para o edital de concessão desde 2021.