Pouco mais da metade das duplicações previstas em contrato com as concessionárias que administraram, por 24 anos, as rodovias do Anel de Integração, foram de fato duplicadas. Isso significa que dos 855 quilômetros previstos para serem duplicados, apenas 439 quilômetros foram efetivamente entregues.

O levantamento foi feito e apresentado por pesquisadores do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Nos contratos estavam previstos ainda 377 quilômetros de terceiras faixas, sendo que 213 quilômetros foram entregues, ou seja, 57%.

Para o engenheiro civil e professor da UFPR, Eduardo Ratton, vários fatores influenciaram para que as obras não fossem finalizadas ou sequer iniciadas, um deles, o oportunismo das concessionárias.

Eduardo Ratton ressalta que o atual modelo que está em análise no Tribunal de Contas da União (TCU) não vai aliviar o bolso dos usuários das rodovias, pois, segundo ele, a proposta aprovada pelo Governo do Paraná cria nomes diferentes para um mesmo custo.

Sobre o período em que o Paraná deve ficar sem a cobrança dos pedágios, o engenheiro civil afirmou que essa é uma tragédia anunciada.

Os contratos com as seis concessionárias foram assinados em 1997 e, de lá para cá, outros serviços não foram concluídos e, segundo o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, são cobrados judicialmente. O volume de investimentos que não foram realizados chega a mais de R$ 800 milhões.

Sobre a manutenção das rodovias e os serviços prestados aos usuários, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) disse que fez estudos e está contratando as empresas que prestarão esses serviços enquanto os novos contratos de concessão não forem assinados.

A CBN Curitiba procurou pelas concessionárias atuais para falar sobre a não realização das obras apontadas no levantamento da UFPR.

As concessionárias Caminhos do Paraná e Econorte informaram que não vão se manifestar.

A concessionária CCR Rodonorte afirmou que cumpriu todos os termos previstos no contrato de concessão.

A Viapar afirmou que não deixou de cumprir nenhuma obrigação contratual e que fechou acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o Governo do Paraná e o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), mas que a demora nas desapropriações e em processos judiciais prejudicaram o cronograma.

O acordo permite que a concessionária conclua as obras dos contornos de Jandaia do Sul, Arapongas e Peabiru depois do fim das concessões.

Já a Ecocataratas disse que as obras referentes ao lote 3 do Anel de Integração estão em execução conforme consta no contrato de concessão.

A Ecovia disse que não tem obras pendentes no contrato de concessão com o governo estadual.