Em vários círculos intelectuais, sobretudo nos países europeus, começou a crescer uma discussão que nós, brasileiros, também deveríamos começar a fazer. Pelo vocábulo discussão refiro-me a pesquisas, coletas de dados, análises científicas, testes e conclusões a respeito do problema.

Por óbvio, não me refiro à discussão ignorante, sem base, sem ciência, coisa que no Brasil é comum, pois se há algo que neste país não encanta as elites políticas é a dedicação aos estudos e à busca da verdade por meio dos métodos técnicos e científicos.

Desnecessário dizer que há muitos brasileiros dedicados a uma vida de estudos e em busca de opinião fundamentada, sem leviandade intelectual. Mas vamos lá: a discussão que mencionei trata de dois problemas: a tendência de diminuição da população mundial e o fato de que, em muitos países, em breve o número de idosos será maior que o número de crianças e jovens.

O cerne do problema é a tese de que, conquanto a tecnologia e os robôs cognitivos consigam executar tarefas antes feitas por seres humanos, o mundo precisará do trabalho dos idosos antes do ano 2100.

Ainda que, para fins de benefício financeiro, a idade de aposentadoria continue sendo a mesma que é hoje, os idosos, aposentados ou não, serão demandados pelo mercado de trabalho. Ou seja, os que tiverem saúde suficiente para trabalhar serão procurados.

Ouvi de um professor residente em Londres que algumas empresas inglesas estão contratando pessoas com idade acima de 60 anos, dando-lhes treinamento para operar tecnologias modernas e colocando-as em funções antes feitas por gente mais jovem.

Ele citou a experiência de uma empresa, uma fábrica de nível médio, que contratou o máximo possível de idosos, mesclou com uns tantos jovens, e percebeu que fez um ótimo negócio do ponto de vista da gestão, da produtividade, redução de demandas e até diminuição de conflitos.

Esse é apenas um caso, mas é um exemplo que reflete o debate sobre o assunto, pois se a população mundial se reduzir nas próximas décadas tal como se está prevendo, a economia demandará cada vez mais a turma da terceira idade para ocupar as vagas.

A princípio, parece-me que, além de ser uma tendência, será algo bom, no mínimo por uma razão: o trabalho é terapêutico, faz bem ao corpo e à mente, é um remédio contra a depressão. Pense nisso!

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José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.