Na coluna Economia e Finanças desta segunda-feira (28), o professor José Pio Martins fala sobre os BRICS, bloco formado Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, que ganhou as manchetes na semana passada com a cúpula que definiu a entrada de mais países ao grupo. Ouça:

O QUE SÃO OS BRICS?

Para começar, BRICS é apenas uma sigla. B de Brasil, R de Rússia, C de China, I de Índia e S de África do Sul. O autor dessa sigla é o economista-chefe da empresa financeira norte-americana Goldman Sachs, chamado Jim O’Neil.

No ano de 2001, Jim O’Neil fez um estudo intitulado Building Better Global Economic, “Construindo uma Melhor Economia Global”, no qual ele fala de países emergentes, aqueles que estão em crescimento, e faz referências positivas sobre Brasil, Rússia, Índia e China, e usou a sigla BRIC, sem o S, já que a África do Sul foi adicionada depois.

Aquela análise circulou o mundo, tornou-se objeto de atenção nos mercados financeiros, empresariais e acadêmicos e acabou que, os próprios países, resolveram que deviam se juntar para examinar a ideia do BRIC e incorporar essa união na política externa de cada um deles. Isso foi em 2006, portanto, 5 anos após o estudo de Jim O’Neil.

Em 2011, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, que adotou a sigla BRICS. O peso econômico dos BRICS é certamente considerável.

Os BRICS constituem uma união de 5 nações para questões de comércio entre si, cúpulas para discussão de assuntos de interesse em comum, pela condição de países emergentes, ou seja, não são ricos, mas também não estão entre os países pobres do mundo.

Esse assunto voltou às manchetes e vem sendo muito falado, porque neste segundo semestre de 2023 foram convidados para ingressar no clube dos BRICS: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.

Assim, o grupo passará a ter 11 membros. Só que agora, as diferenças entre esses membros se tornam maiores que as diferenças entre os 5 países atuais no grupo, e aí ninguém sabe como vai ser o funcionamento desse bloco.

As diferenças são grandes e entre elas estão as questões geográficas. Uma ressalva: qualquer estudante, político, empresário, estudioso ou qualquer um que queira entender os problemas mundiais tem que estudar geopolítica.

E por quê? Porque a geografia dos países exerce papel decisivo em tudo o que o país é tanto em termos de sua economia e política interna, quanto em sua relação com o resto do mundo.

Geopolítica é a ciência que estuda como os aspectos geográficos de um país estão relacionados com sua história, sua economia, sua política externa e com seu grau de desenvolvimento econômico e social.

Esse assunto vai dar muito o que falar, há muito ainda a ocorrer sobretudo após a formalização do ingresso desses países convidados a entrar no grupo.

Porém, a meu ver, um ponto é essencial: China e Rússia tendem a exercer um papel preponderante, podendo até mesmo virem a dominar o funcionamento dos BRICS, tanto por sua importante no tabuleiro econômico e político global, como pela inclinação imperial dos dois países.

Por enquanto, é isso!