O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9% no segundo trimestre deste ano sobre o trimestre anterior. No primeiro trimestre de 2023, o crescimento foi de 1,8% sobre o trimestre precedente, considerado bastante bom.
Já o crescimento do segundo trimestre não foi tão bom. Mas a questão é que as variações do PIB revelam mais fielmente o desempenho comparativo quanto maior for o período comparado.

A comparação do produto de períodos curtos, como é o caso de mês ou trimestre, não reflete fielmente o desempenho da economia, pois períodos curtos são diferentes entre si.

Pegue a safra de soja: o plantio é feito em agosto e a colheita ocorre somente no ano seguinte, sete meses depois. Então, os gastos com o plantio e seu custeio não incorporam o valor do produto final, vendido após a colheita no ano seguinte.

Outro exemplo: pegue um país de clima frio, como a Alemanha. No inverno o país tem elevado consumo de gás para aquecimento, e isso altera o PIB. No verão, o consumo de gás cai e interfere no PIB.

Assim, é fácil perceber que a comparação de desempenho de uma economia é mais real quando forem tomados períodos mais longos, por exemplo, um ano.

O desempenho de um trimestre contém boas informações, mas não representa a estrutura geral do ano. No caso do PIB brasileiro do segundo trimestre de 2023, o aumento de 0,9% no trimestre foi inferior ao crescimento de 1,8% obtido no trimestre anterior.

Um sinal negativo é taxa de investimento em relação ao PIB, que foi de 17,2%, considerada baixa.
Investimento é aumento do estoque de capital físico do país, ou seja, o aumento da infraestrutura física, infraestrutura empresarial e infraestrutura social. O PIB é composto de bens e serviços de consumo e bens de capital, estes últimos destinados a expandir o capital físico do país.

A taxa de 17,2% é baixa, primeiro, porque o Brasil há algum tempo vem com taxa em torno de 19%; segundo, porque a taxa ideal seria 25%; terceiro, porque a taxa de investimento significa no linguajar técnico “formação bruta de capital fixo”.

Isto é, a palavra “bruta” está aí porque o investimento é calculado pelo que foi feito de investimento novo e não considera a depreciação do capital físico já existente decorrente do desgaste dos bens de capital e do descarte das máquinas, equipamentos e outros bens, por envelhecimento físico ou obsolescência tecnológica.

Na variação do PIB do primeiro trimestre para o segundo trimestre deste ano, que foi um crescimento de 0,9% com já dito, o mais preocupante é a taxa de investimento que, repetindo, ficou em 17,2% do PIB, sobretudo porque o setor público vem perdendo capacidade de investir com recursos da arrecadação tributária.

Na prática, a arrecadação tributária não cobre nem os atuais investimentos, e o setor público somente consegue investir fazendo mais dívida pública. É isso!

Ouça os detalhes na coluna Economia e Finanças desta segunda segunda-feira (04), com José Pio Martins: