Na tentativa de entender por que os governos gastam mal o dinheiro público, o economista Milton Friedman listou quatro formas que cada um de nós tem de gastar seu dinheiro. Eu uso meu dinheiro para comprar coisas para mim. Nessa situação, eu me preocupo com preço e conteúdo. A preocupação com preço deriva da limitação de minha renda. A preocupação com conteúdo vincula-se a minhas preferências pessoais. Nesse jogo, serei sempre levado a tentar o melhor produto pelo menor preço possível. Isso é eficiência.

  1. Eu uso meu dinheiro para comprar coisas para os outros. Nesse caso, minha preocupação é mais com preço e menos com conteúdo. Quando uso meu dinheiro para comprar coisas para os outros, minha renda é que dita minha escolha, não o gosto do outro. Se puder conciliar ambos – preço e conteúdo – tudo bem. Se não puder, o preço prevalece. A eficiência aqui fica um pouco reduzida, pois o outro pode não gostar – ou não precisar – do que lhe comprei.

  2. Os outros usam meu dinheiro para comprar coisas para mim. Nesse caso, a transação começa a ficar ineficiente, sobretudo quando é o outro que decide quanto de meu dinheiro ele vai gastar. É o que acontece com o governo: ele toma nosso dinheiro para comprar coisas para nós: justiça, segurança, saúde, educação, estradas etc. O problema é que os políticos e os burocratas decidem quanto de dinheiro será tomado de nós, que tipo de produtos vão nos oferecer e como vão fazer as compras.

Nossa opinião aqui pouco importa e, nessa situação, abre-se uma imensa porta para a ineficiência e a corrupção. O governo não é bom para se preocupar com preço e conteúdo, além do que a vida pública atrai muitos corruptos e incompetentes.

  1. Os outros usam meu dinheiro para comprar coisas para eles próprios. Esse é o pior caso: acontece quando os políticos e os burocratas usam nosso dinheiro para comprar coisas para eles mesmos. Basta ver como os políticos e os servidores públicos que estão em posição de alto comando fixam salários, benefícios e mordomias para si próprios.

Por tudo isso, três coisas são necessárias: limitar os poderes do governo, fiscalizar os atos dos governantes e punir os corruptos, como condição inicial para conseguirmos que, ao gastarem nosso dinheiro, os governantes sejam mais eficientes e menos corruptos.

É isso!