O economista Milton Friedman (1912-2006) deu uma interessante explicação sobre a quem pertence o dinheiro gerado pela nação e como esse dinheiro é gasto.
Tentando descobrir por que o governo gastava tão mal o dinheiro público, ele listou quatro formas como nosso dinheiro é gasto. São elas:
1. Eu uso meu dinheiro para comprar coisas para mim. Nessa situação, eu me preocupo com preço e conteúdo. A preocupação com preço deriva da limitação de minha renda. A preocupação com conteúdo vincula-se a minhas preferências pessoais.
Nesse jogo, sempre tentarei comprar o melhor produto pelo menor preço possível, postura que ajuda a promover a eficiência do mercado e obriga os produtores a serem competitivos sob pena de serem superados pelos concorrentes.
2. Eu uso meu dinheiro para comprar coisas para os outros. Nesse caso, minha preocupação é mais focada no preço e menos no conteúdo. Quando uso meu dinheiro para comprar coisas para os outros, minha renda é que determina minha escolha e meu gasto, e não o gosto do outro.
Se eu puder conciliar ambos – preço e conteúdo –, ótimo. Se não for possível, o preço prevalece. A eficiência nesse caso fica um pouco reduzida, pois o outro pode não gostar ou não precisar do que lhe comprei.
3. Os outros usam meu dinheiro para comprar coisas para mim. Nesse caso, a transação começa a ficar ineficiente, sobretudo quando é o outro que decide quanto de meu dinheiro ele vai gastar. O governo usa nosso dinheiro para comprar coisas para nós, como justiça, segurança, saúde, educação, estradas etc.
O problema é que são os políticos e os burocratas que decidem quanto de dinheiro será tomado de nós, que tipo de produto eles vão nos oferecer e quanto vão pagar pelas coisas a serem compradas para nós. Essa situação abre uma janela para a ineficiência e a corrupção. O governo não é bom para se preocupar nem com preço nem com conteúdo.
4. Os outros usam meu dinheiro para comprar coisas para eles próprios. Esse é o pior caso: acontece quando os políticos e os burocratas usam nosso dinheiro para comprar coisas para eles mesmos. Basta ver como os políticos e os funcionários gastam nosso dinheiro quando se trata de salários, benefícios e mordomias deles próprios.
Milton Friedman nos deixou uma bela reflexão. É isso!
Confira a coluna completa desta segunda-feira (25), com José Pio Martins:
José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.