Simón Bolívar, nascido na Venezuela em 1783 e falecido em 1830, é tido como o principal personagem na luta pela libertação do continente latino-americano, que ficou sob o domínio espanhol até 1824.

Nos últimos anos de sua vida, Bolívar estava desolado com o fracasso do projeto que unificaria os países, cuja causa era a mesquinharia política e os interesses pessoais dos líderes caudilhos regionais.

Simón Bolívar desabafou amargurado, dizendo: “A América Latina é ingovernável. A única coisa que se pode fazer na América é emigrar”. E o grande líder viu o declínio de seu poder e viveu seus últimos tempos em solidão, sem povo e sem aliados. 

O atraso e a pobreza dos países latino-americanos têm causas nos fatores geográficos com suas restrições, mas têm também uma lista de outras políticas, sociais e econômicas.

A estrutura estatal, os modelos de governo que facilitam o surgimento de maus governantes, a organização político-partidária, o populismo político e a apropriação dos recursos públicos por corporações estatais e grupos de interesses estão na base do baixo desempenho econômico e no atraso dos países desta região.

Quando Simón Bolívar identificou o poder avassalador da estrutura política, seus caudilhos e suas oligarquias, e a impossibilidade de progresso material, moral e intelectual dos países da região, ele deu a primeira pista para o que viria a ocorrer na sequência: dois séculos de atraso econômico, subdesenvolvimento educacional, pobreza social, inclinação para ditaduras, instabilidade política, maus governos e incapacidade de gestão econômica eficiente.

Um caso praticamente único de equívoco é a Argentina. Dotada de grande extensão territorial, terras férteis, população com alto nível educacional, primeiro país a eliminar o analfabetismo, a Argentina chegou a ser rica no padrão dos melhores países do mundo.

Políticos demagógicos; governos populistas; experiências ditatoriais malsucedidas; setor estatal inchado e ineficiente; paixão por estatização e amor ao Estado; desprezo à economia de mercado; déficits públicos constantes; ambiente desfavorável ao investimento e ao empreendedorismo; governos contrários à inserção internacional; hostilidade ao capital estrangeiro; moratória da dívida externa; má gestão macroeconômica; inflação; descontrole na emissão monetária; sindicalismo truculento;

domínio do país por caudilhos; corrupção em alta escala; desapropriação de empresas; confisco de fundos de investimento; confisco de poupança; tributação excessiva.

Essa lista de mazelas morais e sociais vicejaram em alto grau na Argentina e o figurino adotado por quase todos os países latino-americanos, e em todos os países onde esse quadro se estabeleceu, o atraso e a pobreza se tornaram endêmicos e estruturais, e continuam sendo a marca desta região até hoje.

Logo, o atraso econômico, a pobreza social e o eterno estado de crise política, econômica e social é a marca da maioria dos países da América Latina e resulta das próprias instituições, estruturas, cultura e hábitos criados e cultivados pelos políticos e pelos povos que aqui habitam.

E isso tudo me faz lembrar que o Brasil também tem sido acometido senão de todos, pelo menos da maioria desses males. Pense nisso!