De vez em quando volta a discussão sobre se o Brasil deve adotar uma política econômica que tenha como eixo central a abertura comercial ao exterior, com estímulo às exportações e ampliação da lei de investimentos estrangeiros.

Em resumo: há duas políticas opostas nesse campo. Uma, centrada na abertura ao exterior e maior integração no comércio internacional, o que implica aumentar a liberdade nas relações econômicas com o resto do mundo.
A outra é uma política de menor abertura ao exterior, alguma restrição para importações e exportações, com prioridade para o mercado interno. Na prática mesmo, isso é um falso dilema.

Vamos lá. Resumindo a coisa, quando terminou a Segunda Guerra Mundial e seguindo anos 1950, o Brasil era totalmente dependente de suprimentos internacionais. Ou seja, sem importações, a população brasileira sucumbiria, inclusive nem em matéria de alimentos nosso país era autossuficiente.

Quer saber mais sobre o assunto? Então ouça a coluna CBN Economia e Finanças desta segunda-feira (13), com José Pio Martins:

O abastecimento interno era ameaçado o tempo todo por crises cambiais, com sérias dificuldades para importações de produtos essenciais à vida em nosso país. A essência de uma crise cambial é a falta de dólares para viabilizar as importações.

A moeda estrangeira, no caso o dólar, que é a moeda padrão internacional, somente pode ser obtida pelo país ou por meio de exportações ou por tomada de empréstimos nos bancos internacionais, ou as duas coisas.
No fim da guerra e nos anos 1950, O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional viviam alertando o Brasil para o perigo da falta de segurança alimentar, segurança militar e segurança energética.

A diplomacia dos Estados Unidos, no governo Truman, que foi de 1945 a 1953, tentava induzir o Brasil a aprovar leis para reduzir a vulnerabilidade brasileira face à dependência de suprimentos externos.
Esse quadro deu origem à criação da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico, que foi instalada em julho de 1951 e, até dezembro de 1953, tratou de oferecer soluções para o problema da dependência brasileira.

Para fazer importações, é importante o país gerar receitas em moeda estrangeira, por meio de exportações, principalmente porque os empréstimos tomados em bancos estrangeiros são limitados, temporários e precisam ser pagos acrescidos dos juros.

Aqui entra o agronegócio brasileiro que, nos últimos 50 anos, teve grande progresso em aumento da produção, modernização e aumento da produtividade, tornando-se essencial para garantir o abastecimento interno e chegar a ser um dos principais países na segurança alimentar do planeta.

O agronegócio foi achincalhado no passado pelo então candidato Lula e recentemente na prova do ENEM, com questões acusatórias ao agronegócio.

Claro que todos os setores econômicos são imperfeitos e precisam de melhorias constantes. Mas daí a demonizar o agronegócio é desconhecer o que esse setor significa para o Brasil e para o mundo.