A devastação provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul tem uma dimensão difícil de imaginar, inclusive pelo fato de o Brasil não ter experiência com a mesma conformação e tamanho. Além das mortes, tristes e lamentáveis, houve a destruição de estradas, ruas, casas, prédios, móveis, objetos pessoais, equipamentos públicos. É uma tragédia de dimensão descomunal, gigantesca. De início, toda solidariedade possível é necessária. Adultos, crianças e velhos morreram, os que sobreviveram perderam tudo, perderam seu abrigo, suas casas e suas coisas.

Cessando de vez as chuvas, vem o dilema da reconstrução, que é complexa e demorada. Enquanto isso, o Brasil tem a obrigação de oferecer abrigo, alimento, apoio de toda natureza aos irmãos do Sul.

Neste momento, nada mais repulsivo do que invocar posições políticas, preferências partidárias, seja lá o que for, para negar solidariedade. O governo, que é sustentado com o dinheiro de todos nós tem a obrigação de ser decente o suficiente para não politizar o problema e tratar de reconstruir e apoiar o povo vitimado pelos danos.

Quero levantar aqui dois pontos para reflexão: primeiro, o Brasil não tem experiência em termos de tragédia com a mesma característica dessa, logo, não tem a tecnologia e a experiência requeridas para reconstruir o que foi devastado; segundo, eu defendo a ideia de que o governo federal e o governo estadual do RS deveriam procurar imediatamente os governos de países que já passaram por algo similar.

Os Estados Unidos, com a tragédia do furacão Katrina, e o Japão, com a tragédia do Tsunami, são exemplos de países que tiveram de reconstruir cidades inteiras e têm muito a ensinar sobre como fazer.

Infelizmente, por aqui há muita gente que não tem pudor algum em tripudiar sobre a desgraça dos outros, principalmente quando se trata de superfaturamento de obras, fraudes e corrupção em contratos.

Já vimos superfaturamento na compra de ambulâncias (caso da operação sanguessuga em 2006), superfaturamento em compra de caixão de defunto, remédios e vacinas etc.

A corrupção não tem moral nem compaixão e não será novidade se a reconstrução do RS ocorrer sob a égide de fraudes e corrupção. É isso.

Confira:

José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.