Inicialmente, vale esclarecer uma questão de linguagem. Não confundir a palavra “competitividade” com “competição”. Certa vez, ouvi a seguinte notícia: o preço da gasolina diminuiu por causa da competitividade entre os postos de combustíveis.

A afirmação correta é: os preços caíram por causa da competição entre os postos. Competitividade é a capacidade de competir. Competição é a disputa no mercado.

Essa confusão aparece de vez em quando também com as palavras “produção” e “produtividade”. Por exemplo, a safra de soja é a produção da safra colhida em toneladas. A produtividade é a produção por hectare.
Pode haver aumento da produtividade (que é a produção por hectare) e ao mesmo tempo haver queda da produção (que é o total colhido), basta que a área plantada diminua.

Pois bem, o conceito hoje não é mais de empresa competitiva e empresa não competitiva, mas sim de país competitivo e país não competitivo. E por quê?

Uma empresa pode ser competitiva da portaria da fábrica para dentro e não ser competitiva da portaria da fábrica para fora. Isso ocorre por vezes no Brasil.

Uma empresa fabricante de camisas, ao exportar seu produto, vai competir no mercado exterior com fabricantes de camisas da Coreia do Sul, do México etc.

A empresa pode ser eficiente da portaria da fábrica para dentro, porém, na planilha de custos ela tem de considerar o chamado “custo Brasil”, que é o custo do transporte, custo portuário, taxa de câmbio, carga tributária e taxa de juros. E todos esses custos não estão sob o controle da empresa.

Se o custo Brasil para uma exportadora for maior que o custo Coreia do Sul para a empresa coreana que vai concorrer com a brasileira, a empresa brasileira pode perder a competição por não conseguir vender ao mesmo preço internacional da concorrente coreana.

Então, a competitividade da empresa brasileira (que é sua capacidade de competir) depende da eficiência interna dela, que está sob o controle dela, mas depende também do custo Brasil, que ela não controla.
Então, se há algo com o que o governo deve se preocupar é com o custo Brasil. Tem-se falado pouco nesse assunto. É isso!

Escute a coluna completa desta segunda-feira (05):

José Pio Martins, economista, professor, palestrante e consultor de economia, finanças e investimentos.